É sábado. Levanto da siesta da tarde com uma dor de cabeça sem razão nem procedência. Estou sozinho em casa e o sol começa a se pôr. Procuro ocupar a cabeça, esperando que a dor vá embora. Mexo no computador, passo roupa, instalo a tampa do vaso (que estava adiando faz tempo), toco violão. Não há o que fazer. E o sol parece continuar no mesmo lugar de quando sai da cama.
Tem horas que o tempo parece não querer passar. Parece que a solidão e o fato de ser um sábado sem maiores obrigações fazem o tempo andar mais lentamente. Uma sensação que não sinto faz muito tempo. Trabalhando todos os dias é difícil sentir isso, ainda mais numa cidade como São Paulo. Nossas mentes paulistanas apenas espelham o que é esta cidade: rica e grande, mas congestionada. Estamos no centro, na metrópole. Por aqui passam todas as informações, como num cérebro. Mas a cidade está sobrecarregada, e, da mesma forma, seus habitantes. Ativos, inteligentes, superdotados, mas estressados, nervosos, ansiosos.
Neste vazio tão raro de me acontecer, minha mente está limpa. Sozinho, não tenho estímulos externos que me chamem a atenção. E sem obrigações, minha mente deixa de se ocupar com preocupações mundanas. É como uma pausa, um descanso. E incrivelmente, no vazio e na solidão, não me sinto sozinho. Verdade. Não, não sou médium. Também não sou louco - espero eu não. É uma sensação de se estar sozinho, mas integrado. Uma paz, uma calma indescritíveis. Uma felicidade que brota do ar, do nada.
A dor de cabeça passou. Como se tivessem combinado, a luz do sol se torna fraca e o sol parece dar seu adeus para mais um dia. Com a noite, o nada, o vazio. Como numa meditação. Como quando se olha o horizonte de um mar calmo e sem fim.
sábado, janeiro 15, 2011
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