sábado, dezembro 11, 2010

Jardim do autoconhecimento


Meu hobby em 2010 foi tirar as várias vontades de dentro do baú empoeirado, Numa dessas vezes, eis que surge uma que nunca havia percebido. Talvez nem estivesse ai. Talvez alguém tivesse colocado lá. Bom, a verdade é que comecei com um pequeno vaso e quatro filhas: uma muda de manjericão, de hortelã, de salsinha e cebolinha. Digo filhas pois é necessário um cuidado constante: regar periodicamente, retirar as folhas secas pois elas tiram a energia das folhas saudáveis (palavras da minha tia), adubar o solo, fungos, insetos...E aí você vai me perguntar, pra que tanto trabalho?? Pois lhe digo: vê-las crescendo belas e fortes é maravilhoso! Mais que isso, lidar com a natureza é aprender os princípios qu regem não apenas o mundo, mas a nós mesmos. Incrível como um vaso de ervas pode me trazer autoconhecimento. Me arrisco a dizer que se todos tivessem um vaso para cuidar, o mundo poderia se tornar um lugar melhor para se viver.

sábado, dezembro 04, 2010

Os guias celestes


Aí vai mais um capítulo da monografia sobre meu estudo semiótico dos arcanos maiores do Tarô: A Estrela.

A estrela representa tudo aquilo que traz esperança e fé. Que ilumina como um ponto de luz no céu a noite escura de nossos corações logo após nossa Torre ser destruída. Poderia ser representada por um deus, um líder, uma celebridade, nossos antepassados. Seja lá qual for a figura, sua imagem nos inspira otimismo de um futuro mais iluminado.

A lenda dos três reis magos nos elucida bem seu significado. Nunca duvidaram da vinda do Messias e caminharam por anos e anos com confiança e fé, tendo a certeza de que o encontrariam. Não foi uma espera passiva e sim ativa, baseada na certeza interior. Poderiam ter desanimado e desacreditado a chama interna que dizia sobre sua vinda. Poderiam ter voltado ao Oriente de onde partiram se perguntando porque saíram de suas vidas confortáveis para seguir uma estrela. Mas sentindo sua aproximação, se dispunham a caminhar o quanto fosse necessário  para alcançar seu objetivo. Nesta estória estão presentes os atributos deste arcano: intuição, confiança, fé e disposição para trabalhar pelo que se deseja.

Este arcano nos fala também sobre crescimento. No arcano anterior, a Torre é construída artificialmente através de martelos barulhentos, descargas elétricas, pedras e tijolos secos, batidas e impactos. Sua elevação ocorre por saltos de maneira rápida e enérgica. Era de se esperar que tivesse sido destruída por uma força semelhante. Já as árvores da Estrela crescem de maneira natural e silenciosa. As células – seus tijolos microscópicos – se multiplicam por divisão e crescem em volume. Seu interior é preenchido pela seiva que sobe das raízes para o tronco e os ramos que torna possível o crescimento da árvore. Suas bases estão firmemente alicerçadas no solo através das raízes.

domingo, outubro 31, 2010

A Casa de Deus



Mais um capítulo da saga: XVI - A Torre. Aí vai um trecho do texto e o vídeo que representa este arcano:




"A torre é o lar que protege nosso mundo interior. É a casa que abriga o homem das intempéries da natureza. É o carro que nos conduz com segurança ao destino. É a família e os amigos, que nos ajudam durante a caminhada da vida. É o emprego que nos dá a chance de testar nossas capacidades e fornece o suporte financeiro para os gastos do dia-a-dia. É a religião que nos orienta no caminho do despertar espiritual. São as nossas crenças, princípios, nossos pontos de vista que nos trazem a segurança de um porto seguro, de onde podemos partir para descobrir o mundo exterior.

No baralho francês o arcano se chama “A Casa de Deus”, ou no original, La Maison Dieu. Popularmente, “Casa de Deus” são as igrejas, se estendendo aos hospitais, asilos e hospícios. Em suma, é onde os feridos encontram amparo. Mais ainda, segundo um antigo mito, ocorreu em tempos imemoriais a separação entre o céu e a Terra e esperava-se que a construção das torres pudesse desfazer o rompimento, restaurando a intercâmbio entre as duas potências primárias. Assim, a Torre é a casa alicerçada sobre princípios divinos e que serve como o local onde o terreno e o divino se encontram.

Mas o arcano nos mostra uma outra realidade. Deus não está em casa. Ele foi expulso de sua própria morada. E quem a tomou foi o personagem do arcano anterior: o Diabo. A Torre, que antes protegia a Deus, agora é morada do segredo, da mentira, do poder, da repressão, da opulência, da vaidade. É a casa bonita por fora mas custosa demais para se manter. É comprar o carro do ano só para se aparecer na frente dos colegas. É o casamento de aparências, o emprego insosso que agüentamos por causa do salário. Ela agora representa o ego inflado, o orgulho de se pretender maior que os demais. Maior até que Deus. Pois não é isto o que Lúcifer sempre pretendeu?

Mas a história não acaba por aí. O Todo Poderoso agora retorna para tomar conta do que é seu. A coroa, símbolo da autoridade mundana, é retirada da cabeça da Torre por um relâmpago estrondoso, pois só assim os que vivem dentro dela conseguirão ouvir sua voz. Segundo o autor desconhecido de “Meditações sobre os 22 arcanos maiores do Tarô”, “aquele que constrói uma torre para substituir a revelação do Céu por aquilo que ele mesmo fabricou será atingido pelo raio, vale dizer, passará pela humilhação de ser reduzido à sua subjetividade e à realidade terrestre”. Desta forma, a Torre simboliza os segredos e mentiras desmascarados, a queda de padrões de pensamento obsoletos, a libertação de situações sufocantes, o rompimento de relações humanas que levam à repressão e ao aprisionamento da alma. O ditado já dizia, “Deus escreve certo por linhas tortas”. Óbvio, esta frase simboliza apenas a ignorância humana diante da forma como o Criador atua no mundo, mas retrata bem a situação em destaque. O relâmpago é, portanto, a providência divina que traz a libertação e aponta para um mundo melhor".

segunda-feira, outubro 25, 2010

Encarando o Diabo

Aí vai um trecho do texto que escrevi para a décima quinta carta do Tarô: o Diabo.

"O homem rouba quando acredita ter poucos recursos, pois não confia na providência divina que nos prove aquilo de que necessitamos. É a crença de que estamos separados do divino, que estamos sozinhos, sempre buscando algo para preencher o nosso vazio. E se estamos sozinhos neste mundo e a única lei que existe é a dos homens, se estivermos acima da lei poderemos ter tudo o que quisermos. É assim que os delitos são cometidos. E é assim que o Diabo nos tenta.

O Diabo é instinto, desejo, paixão. No fundo, o Diabo é a energia que representa a própria chama que alimenta a vida, o prazer de viver. Sem esta energia o universo estaria estagnado, morto. Quando canalizamos esta energia de forma sadia e equilibrada, quando agimos tendo em vista nossos princípios e o bem-estar de nossos irmãos, teremos este poder a nosso favor. Entretanto, parafraseando o famoso filme de Steven Spielberg, o Diabo atua quando decidimos agir pelo “lado negro da força”.

O arcano se faz presente quando canalizamos esta força desequilibradamente. Ela aponta para os dois extremos: quando reprimimos estes desejos ou quando os vivemos excessivamente. Maria Celeste Rodrigues explica este ponto:

Há aqueles que se envergonham de sua sexualidade, que escondem seus instintos de raiva, ódio e ganância, negando-os até para si mesmos. Vivem uma vida falsa, repressora, que atrai doença, depressão e até loucura. Por outro lado, há aqueles que vivem estes mesmo sentimentos até as últimas conseqüências, deixando a marca da destruição e da infelicidade na sua passagem. (...) É preciso tirar o Diabo do inconsciente no qual o mantemos exilado, trazê-lo à luz, conhecer o inimigo e fazê-lo nosso aliado e usufruir sua força.

Assim, o Diabo nos ensina a tomarmos consciência desta energia tão poderosa que movimenta a vida tomando o cuidado para que ela seja sempre canalizada para o bem, para crescimento e a felicidade de nossos semelhantes. Sem a energia que move o Diabo, a vida não existiria. Quando ignoramos esta energia, trancando-a num canto escuro de nosso subconsciente, ela surge urrando como a besta que foi pintada na carta do Tarô."

domingo, outubro 24, 2010

Encarando o Coisa Ruim



Aí vai um trecho do texto que escrevi para a décima quinta carta do Tarô, o Diabo, como parte da minha monografia da pós-graduação.

"O homem rouba quando acredita ter poucos recursos, pois não confia na providência divina que nos prove aquilo de que necessitamos. É a crença de que estamos separados do divino, que estamos sozinhos, sempre buscando algo para preencher o nosso vazio. E se estamos sozinhos neste mundo e a única lei que existe é a dos homens, se estivermos acima da lei poderemos ter tudo o que quisermos. É assim que os delitos são cometidos. E é assim que o Diabo nos tenta.

O Diabo é instinto, desejo, paixão. No fundo, o Diabo é a energia que representa a própria chama que alimenta a vida, o prazer de viver. Sem esta energia o universo estaria estagnado, morto. Quando canalizamos esta energia de forma sadia e equilibrada, quando agimos tendo em vista nossos princípios e o bem-estar de nossos irmãos, teremos este poder a nosso favor. Entretanto, parafraseando o famoso filme de Steven Spielberg, o Diabo atua quando decidimos agir pelo “lado negro da força”.

O arcano se faz presente quando canalizamos esta força desequilibradamente. Ela aponta para os dois extremos: quando reprimimos estes desejos ou quando os vivemos excessivamente. Maria Celeste Rodrigues explica este ponto:

Há aqueles que se envergonham de sua sexualidade, que escondem seus instintos de raiva, ódio e ganância, negando-os até para si mesmos. Vivem uma vida falsa, repressora, que atrai doença, depressão e até loucura. Por outro lado, há aqueles que vivem estes mesmo sentimentos até as últimas conseqüências, deixando a marca da destruição e da infelicidade na sua passagem. (...) É preciso tirar o Diabo do inconsciente no qual o mantemos exilado, trazê-lo à luz, conhecer o inimigo e fazê-lo nosso aliado e usufruir sua força.

Assim, o Diabo nos ensina a tomarmos consciência desta energia tão poderosa que movimenta a vida tomando o cuidado para que ela seja sempre canalizada para o bem, para crescimento e a felicidade de nossos semelhantes. Sem a energia que move o Diabo, a vida não existiria. Quando ignoramos esta energia, trancando-a num canto escuro de nosso subconsciente, ela surge urrando como a besta que foi pintada na carta do Tarô."


Para finalizar, o trecho do filme "O Advogado do Diabo" numa brilhante interpretação de Al Pacino como o Coisa Ruim.

domingo, outubro 10, 2010

Temperar é saber viver

Décima quarta carta do baralho do Tarô: a Temperança.

Estes últimos tempos ando aproveitando todo meu tempo livre para escrever a monografia da pós-graduação usando a semiótica para entender o Tarô. Hoje escrevi sobre a Temperança, a 14ª carta do baralho e também uma das 4 virtudes cardeais do cristianismo. Aí vai um trecho do texto:

"O ato de derramar o líquido de um vaso para outro alternadamente é uma metáfora usada para expressar a virtude da Temperança. No dicionário, o verbo temperar é sinônimo de abrandar, conciliar, harmonizar, afinar, moderar. Num outro lado, ela significa fortalecer, dar consistência, por tempero. Assim, temperar é seguir o caminho do meio. Não é apenas conter nossos instintos e emoções tornando-nos frios e distantes. Tampouco, temperar a comida a ponto de torná-la excessivamente salgada ou apimentada. Temperar é alcançar o estado tranqüilo e natural do homem, vivendo uma vida de alegria evitando os excessos que desequilibram a mente e o corpo. Temperar é agir conforme a lei que rege o universo, é dar ordens sem perder a brandura, é ceder sem deixar de lado nossas vontades, é preparar um prato agradável ao paladar, é saber harmonizar o lado pessoal com o profissional. Temperar é saber viver. E adquirir esta sapiência requer tempo".

sábado, julho 10, 2010

Um dia você aprende



Enquanto pesquisava textos para a monografia de minha pós-graduação, encontrei este texto belíssimo de uma peça de Shakespeare.

Vejam o vídeo naquela hora do dia onde o tempo já não é demais uma preocupação, quando os pensamentos estiverem menos ligados às pequenezas do cotidiano. Vale a pena.

segunda-feira, maio 31, 2010

O que importa nesta vida?

Nao importa o que se faça nessa vida. Se foi o dono de uma multinacional ou garçom de um restaurante. Se ganhou milhões ou apenas o suficiente para comer e dormir. Se viajou e conheceu países de todos os continentes ou se nunca saiu dos arredores de sua cidade. Se conheceu muitas mulheres ou apenas uma.

Então o que importa?

O que importa é a intensidade que se viveu a vida. Importa se trabalhou com tamanho ardor como se nada mais existisse, seja catando lixo ou comandando uma empresa.

Se beijou com paixão, sejam várias ou apenas uma. De que vale um milhão de beijos se todos tiveram sabor de nada? Pior ainda, se se guardou a uma única mulher a quem não amava.

Se amou os lugares e as pessoas que conheceu. Que vale ter visto os mais belos e longínquos cenários do mundo se a única coisa que seu coração queria ver era a sim mesmo?

Importa se seguiu o que o coração mandava fazer. Se seguiu seus sonhos mesmo com a maioria dizendo o contrário. E quem ainda não sabe quais são os seus, que tome um tempo para descobrí-los.

O que importa é se arriscou, e se sentiu medo, e amou, e sofreu, e riu, e no fim chorou de alegria por ter vivido uma vida completa. Com tudo o que ela tem para oferecer.

Esta é a única riqueza que se pode levar de uma vida.

sábado, maio 08, 2010

Não existem caminho certos ou errados. O que existem são diferentes caminhos que no final nos levarão ao mesmo lugar. O mesmo aprendizado.
É como preparar uma refeição. Não importa qual prato se prepare. O objetivo será sempre o mesmo: satisfazer o apetite.
Você pode escolher fazer um risoto ao funghi, um talharini ao molho branco, ou apenas preparar um sanduíche de queijo prato e mortadela. Escolha aquele que você mais gosta! É a grande vantagem do livre arbítrio.
Outros preferem comer comida funcional, comidas lights, integrais, orgânicas. Que nem sempre são as mais gostosas mas até que fazem bem ao corpo.
Outros, preocupados com a economia do lar irão preparar em 3 minutos um miojo da Turma da Mônica sabor legumes, só para não gastarem muito.
Estas diferentes escolhas mostram como cada um enxerga o momento da refeição. E como cada um exerga a própria vida. E não existe visões certas ou erradas. Existem sim, aquelas que nos fazem felizes, outras que nos deixam com azia...

E todos eles estão por aí, espalhados por este mundão afora.

O que existe são caminhos mais suaves, leves, belos. Em outros, se sente dor e sofrimento.

terça-feira, janeiro 19, 2010

Caminho do Sol - Casa


Pousada 1897 em Santana do Parnaíba

Cada dia dormindo num lugar diferente, aprendi a viver em qualquer lugar. Percebi que casa não está em nenhum lugar senão dentro da gente. Se há uma cama gostosa, gente acolhedora, e o mais importante, se o coração se sente bem, ali é minha casa. Encontrei várias pelo caminho.

sábado, janeiro 02, 2010

O fim


Estou pronto agora! Vlw Alex!!

O fim tem diversos nomes. Morte é uma delas. A primeira palavra que me vem à cabeça associada a ela. Seu primo mais próximo. Seu sinônimo mais terno na árvore genealógica. Mas esta é só a primeira impressão.

Refletindo com uma xícara de chá fumegante nas mãos, percebo que o fim sempre vem com um companheiro: o início. Ou recomeço. Fim e início, início e fim. O quente verão deixa lugar ao outono, que dá passagem ao inverno, que se ergue na primavera e termina no verão. Um é ao mesmo tempo rabo e cabeça do outro, e vice-versa.

Assim sendo, o fim nunca é o término de algo, apenas. Neste meu momento específico, o fim significa a escolha de um novo caminho.

Parto daqui a 3 dias para minha primeira grande caminhada: o Caminho do Sol. Serão 240 km em 10 dias de caminhada partindo de Santana do Parnaíba - a 30 kms de São Paulo - até Águas de São Pedro.

Tudo começou quando terminei um namoro. A ânsia de não repetir os mesmos erros me fizeram ir em busca de um novo caminho, um novo começo. Achei vários. Saí de casa, pintei o armário e a geladeira, tirei o pó da bike e a convidei para me acompanhar todo dia ao trabalho, aprendi a grelhar um peito de frango, fazer feijão, e claro, conheci outras garotas. E num desses caminhos, pesquisando sobre o Caminho de Santiago, me deparei com um artigo que falava sobre o Caminho do Sol como um preparativo para o primeiro.

Logo me vi pesquisando tudo sobre este percurso paulista que tem sua origem no próprio Caminho de Santiago. E ao constatar depois que não poderia ficar tanto tempo fora do Brasil por motivos profissionais, decidi percorrer o Caminho do Sol.

Um caminho é e sempre será um caminho, não importa seja na Espanha ou em São Paulo. Assim como os homens, não existem homens piores ou melhores. Existem apenas homens. O que difere são as decisões que tomam e que os levam a diferentes caminhos, alguns mais curtos, outros mais longos. Alguns mais leves, outros mais sofridos.

Inteligentes são os que se preparam e estudam para caminhar o caminho com conforto e alegria e assim aproveitar o que a vida tem de bom.

Sortudos são os que tem amigos assim. Obrigado Alex, Mika e Ryu. Obrigado por abençoarem meu caminho.


Dá-se a largada e 2010 começa!
Parto daqui a 3 dias para minha primeira grande caminhada: o Caminho do Sol. Serão 240 km em 10 dias de caminhada partindo de Santana do Parnaíba, a 30 kms de São Paulo, a Águas de São Pedro.
Tudo começou quando terminei um namoro e ânsia de buscar um novo caminho, um novo começo, saí de casa, pintei o armário e a geladeira, comecei a ir de bike pro trabalho, ando cozinhando uns pratos, e, pesquisando sobre o Caminho de Santiago, me deparei com um artigo que falava sobre o Caminho do Sol.
Este vai ser um ano de longas caminhadas, de preparação