segunda-feira, outubro 25, 2010

Encarando o Diabo

Aí vai um trecho do texto que escrevi para a décima quinta carta do Tarô: o Diabo.

"O homem rouba quando acredita ter poucos recursos, pois não confia na providência divina que nos prove aquilo de que necessitamos. É a crença de que estamos separados do divino, que estamos sozinhos, sempre buscando algo para preencher o nosso vazio. E se estamos sozinhos neste mundo e a única lei que existe é a dos homens, se estivermos acima da lei poderemos ter tudo o que quisermos. É assim que os delitos são cometidos. E é assim que o Diabo nos tenta.

O Diabo é instinto, desejo, paixão. No fundo, o Diabo é a energia que representa a própria chama que alimenta a vida, o prazer de viver. Sem esta energia o universo estaria estagnado, morto. Quando canalizamos esta energia de forma sadia e equilibrada, quando agimos tendo em vista nossos princípios e o bem-estar de nossos irmãos, teremos este poder a nosso favor. Entretanto, parafraseando o famoso filme de Steven Spielberg, o Diabo atua quando decidimos agir pelo “lado negro da força”.

O arcano se faz presente quando canalizamos esta força desequilibradamente. Ela aponta para os dois extremos: quando reprimimos estes desejos ou quando os vivemos excessivamente. Maria Celeste Rodrigues explica este ponto:

Há aqueles que se envergonham de sua sexualidade, que escondem seus instintos de raiva, ódio e ganância, negando-os até para si mesmos. Vivem uma vida falsa, repressora, que atrai doença, depressão e até loucura. Por outro lado, há aqueles que vivem estes mesmo sentimentos até as últimas conseqüências, deixando a marca da destruição e da infelicidade na sua passagem. (...) É preciso tirar o Diabo do inconsciente no qual o mantemos exilado, trazê-lo à luz, conhecer o inimigo e fazê-lo nosso aliado e usufruir sua força.

Assim, o Diabo nos ensina a tomarmos consciência desta energia tão poderosa que movimenta a vida tomando o cuidado para que ela seja sempre canalizada para o bem, para crescimento e a felicidade de nossos semelhantes. Sem a energia que move o Diabo, a vida não existiria. Quando ignoramos esta energia, trancando-a num canto escuro de nosso subconsciente, ela surge urrando como a besta que foi pintada na carta do Tarô."

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