Quem são essas pessoas às quais tenho me relacionado tanto? Quem somos nós? Por que gastamos tanto tempo organizando eventos, reuniões, churrascos, assembléias, encontros? Não somos apenas amigos. Há algo mais em tudo isso.
Às vezes acho que tentamos viver exatamente aquilo que nossos avós fizeram. Nós somos imigrantes, assim como eles foram. Repetimos exatamente tudo aquilo que nossos pais e avós foram. Ao ir para o Japão, guardamos na lembrança memórias marcantes de um passado que não volta mais, de um lar que ficou para trás, de pessoas inesquecíveis que nunca mais encontraremos. A memória da bolsa é forte em qualquer ex-bolsista, tanto que muitos voltam novamente para reviverem a chama dessa experiência.
Fim do dia. Estou exausto. Hoje já é o terceiro dia que vou em reuniões à noite para cuidar de assuntos como Festival do Japão, Aki no Kenshu e Undoukai. Preciso fazer minhas coisas, mas as obrigações assumidas urgem por pessoas que queiram assumir responsabilidade.
Qual vai ser o fim de tudo isso afinal?? Desaparecerão as bolsas? Os kenjinkais irão acabar? A colônia japonesa se dissolverá enfim neste caldeirão de raças que é o Brasil? E quando eu já estiver velho, o que eu terei a contar para as próximas gerações se eu já nem falo mais a língua de meus avós? O que eu tento tanto manter se a única certeza deste mundo é que tudo muda, de que nada é para sempre? Nós desapareceremos, isto é um fato.
AGORA
Pensando: Cama.......
Ouvindo: La vie en Rose - Madeleine Peyroux
Lendo: Webdesign Portfolio - Taschen
Navegando: http://krazydad.com/bestiary/
2 comentários:
Oi, gatinho!
Muito lindo esse texto! Adorei!
Cada vez mais me dói o fato de eu nunca ter ido ao Japão, e me causa inveja (a boa inveja) a experiência maravilhosa que vocês devem ter passado por lá. Posso ir viajar a passeio, mas tenho certeza que não é a mesma coisa.
Também não sei se é a convivência com vocês, ou se são os 100 anos da imigração, mas este ano, o "J-Pride" aflorou muito forte em mim. Me entristece imaginar tudo isso que você falou, da possibilidade da nossa identidade um dia desaparecer no Brasil. Se valerá a pena preservar, não sabemos. Mas porque não tentar?
beijos com saudades
Fala Jun...
realmente eh algo em q devemos pensar...
mas sabe q apesar de td eu nao me preocupo com isso... nao me vejo como meus avos ou pais.... eu sou eu... vivo em uma realidade diferente.. como vc bem disse temos a certeza q td muda...
Se vamos um dia desaparecer ou nao soh depende de nos mesmos... o q a bolsa criou em nos nao morre, nao apaga e nao muda.... esse sentimento que nos une hj eh algo q esta alem de uma compreensao...
Eu tbm nao entendo mto.... mas sei o q sinto... e acho q no final eh isso que importa... o q define nosso futuro sao nossas escolhas e o q escolhemos hj eh baseado nos sentimentos que temos, e isso se aplica em tds os campos.
Haahaha vixi... filosofei pacas.. mas adoro essas discussoes hahaha
Gde abraço
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