terça-feira, agosto 01, 2006

Conversas e viagens



Área histórica de Kurashiki



Casa muito bonita

Terça, como não tive aula fui dar um passeio em Kurashiki, cidade a 12 minutos de trem de Okayama. A Asada me acompanhou.
Cidade bonita, histórica, muitas casas seculares, cheiro de história do Japão antigo em qualquer canto.
Conversei bastante com a Asada sobre o Japão, os japoneses, e sobre a relação entre os chineses e os japoneses. Ela ensina o japonês a estrangeiros e já viajou para a Europa, Filipinas e Tailândia. Inteligente, me falou muito de suas opiniões acerca da cultura japonesa, do que é ser japonês, de sua personalidade. Falou um pouco do que já escrevi neste blog num post passado, que os japoneses nem sempre falam o que se passa em seus corações.

Que entre Japão e China aindam restam mágoas do passado e que ainda vai precisar de uma geração ou duas para desaparecer.

Que a China não dá a indepêndencia ao Tibet e a Taiwan porque se fizer isso faria com que muitos de suas províncias reinvindicassem a separação também.

Que entre Toquio, Seoul (Coréia) e Taipei (Taiwan), como houve muita influência da cultura norte-americana, tem uma grande identificação e troca de informações.

Que a escrita chinesa chegou ao Japão através da Coréia, e portanto, muitas palavras coreanas são parecidas com as japonesas. Um coreano(a) demora pouco tempo para aprender o japonês por essa causa.

Por outro lado tentei explicar um pouco da vida dos nikkeys brasileiros, que me acho um cara de sorte por poder conhecer os dois lados da moeda do mundo.

Deixei esta para a última, apenas para os que tiverem paciência para chegar ao final deste longo post.
Ela me falou algo que me chocou. Disse que se você perguntar para um japonês(a) se gosta do Japão ele(a) provavelmente irá dizer que não.
Perguntei por que o japones nao gosta do Japão e ela me falou que o problema são os japoneses. Daí quis ir mais fundo e perguntei qual o problema dos japoneses. Ela me disse aquilo que eu já estava sentindo aqui, que os japoneses nem sempre agem da forma como estão se sentindo. São muito polidos por fora mas nem sempre isso é verdadeiro. Que as pessoas demoram muito para confiar uma nas outras e isso acaba criando panelas, e, se voce entra numa panela você deve respeitar suas regras pois se o japonês não sente que você é um igual, ele não vai se abrir contigo.

Ela ainda me disse muitas coisas. Ainda não consegui digerir tudo o que ela me disse e sinto que isso ainda vai demorar um tempo. Ela, apesar da clareza com que expressava suas idéias sobre o próprio país, sinto que ela é um pouco negativista. Não vi ela elogiando uma vez o Japão, a não ser quando falamos da rivalidade entre japoneses e chineses. Pronto, já sei o que o Japão tem de ruim. Agora só quero saber o que ele tem de bom!!

Um comentário:

Paulo Gomes disse...

Cara, a maior parte da minha vida eu considerei os japoneses um povo bastante fechado, principalmente no que diz respeito aos sentimentos. Esta idéia mudou radicalmente quando tive contato com os animês, não aqueles de ação e violência que infelizmente são os únicos que vêm para cá e tornam-se conhecidos, mas aqueles que exploram a vida cotidiana e os relacionamentos. Ao vê-los percebi que os japoneses são um povo extremamente emotivo e que, por questões provavelmente culturais tiveram de aprender a esconder isso. Mas acredito que isso felizmente está mudando. Não será do dia para noite, é claro, mas está mudando com certeza.