Monte Fuji. A melhor aventura que já vivi. Um desafio que colocou minha confiança e perseverança à prova.
Conversando com o Leandro, a idéia de subir o Monte Fuji surgiu por acaso.
Começamos a caminhada lá pelas 7 da noite, quase anoitecendo. Um subida íngreme, difícil. Muita pedra, terra e poeira que dificultavam a caminhada. Muitas paradas para descanso, recuperar o fôlego, molhar a garganta com isotônico e seguir viagem.
Foram 5 horas de subida pela rota Fujinomiya, a mais curta, mas a mais íngreme, segundo o que ouvi.
Quando cheguei ao topo, achei que tinha sido fácil. Subimos rápido, sem paradas grandes. Mal sabia eu que o maior desafio estava por vir.
Chegamos ao cume às 0:30 da segunda-feira. Estavamos cansados e assim como todos os que lá estavam, deitamos na terra mesmo e tiramos um cochilo. Uma hora depois acordei de frio, meus pés e minhas mãos estavam gelados, apesar das luvas. O vento cortante irritava meu rosto. Meu nariz e as pontas da minha orelha estavam vermelhas pelo frio.
À medida que o tempo passava, o frio ia subindo pelo meu corpo através dos pés, das mãos, do rosto. Minhas pernas, que antes estavam aquecidas pela roupa já não conseguiam mais conter o calor. Uma sensação horrível, um arrependimento de ter chegado tão cedo, de não ter trazido um gorro, um saco de dormir, uma barraca para nos proteger do frio, uma toalha para cobrir o rosto.
Às 4 da manhã, eu já pensava em desistir de assistir o nascer do sol. Já não aguentava tanto frio e minha confiança estava totalmente abalada. Tinha resistido até aquele momento com minha postura positiva mas ela já estava se esgotando.
Foi quando olhei o céu e percebi uma claridade no horizonte. Estava finalmente amanhecendo! Corremos para um ponto mais alto para admirarmos mehor o espetáculo.
Sem nuvem alguma. Sem chuva. Sem dúvida, a cena mais bela que já tive em minha vida.
Do cume do Monte Fuji, como se fosse um Deus que do alto tudo enxerga, presenciei os primeiros raios de luz. O céu era uma gama de cores que vai do vermelho, do violeta, do amarelo, azul , azul escuro. Um azul que nunca tinha visto antes, puro, límpido. O mais belo gradiente de cores. Vi quando a luz começou a alcançar as cidades que antes estavam obscuras. Vi o litoral, o mar, a terra. E o sol vermelho, como um olho de fogo que surge no horizonte. Magnânimo. Como um rei que vem em minha direção com seu reluzente manto vermelho.
Neste momento, esqueci quase que inteiramente do frio que me dominava. O desafio tinha chegado ao final e eu tinha vencido. Vencido o frio, vencido as circuntâncias, vencido a mim mesmo.
Ao final, um agradecimento especial a meu grande amigo Leandro. Desde o começo me identifiquei contigo e desde então tenho dado muitas risadas nestas nossas andanças pelo Japão. Esta viagem não teria sido perfeita como foi sem sua companhia. E no momento mais difícil, em que o frio parecia que ia me vencer, sua energia e bom humor se sobressaíram e me ajudaram a aguentar aquela noite sem fim.
quarta-feira, agosto 16, 2006
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3 comentários:
Nem tava tãããooo frio assim... a gente só delirou um pouco, começou a falar um monte de besteira e no final perdemos alguns sentidos... tirando isso foi fácil fácil!
e Jun... valeu cara! snif snif! hontoni emocionado!
Terra Roxa e suas tiradas bááásicas...deve ter rolado altas besteiras mesmo!
bjo e muitas saudades!
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