Este post é o último da saga. Pensei em continuar mas mudei de ideia. Este blog termina com minha viagem. Mas fico feliz por te-lo terminado com exito, pois alem de registrar muitas das minhas aventuras, pude, no momento mesmo de escreve-las, refletir sobre o que estava passando comigo logo apos os acontecimentos.
Esta viagem para mim foi um momento de reencontrar as raizes, de evoluir pontos de vista, conhecer novos lugares, conhecer pessoas diferentes, aprender design japones, melhorar meu japones....
Nao saberia dizer ao certo, de forma logica e racional porque razao quis voltar para lá. Desde a última vez que fui em 2000, sabia que queria voltar. Meio que para fechar um ciclo, sei la. A oportunidade veio e sabia que deveria embarcar. As coisas foram se sucedendo de uma forma tão fluída e tranquila que tive a certeza antes de viajar que era a coisa certa. Não poderia estar mais certo.
Aprendi muito e voltei diferente, bem diferente.
Obrigado aos meus fieis leitores! No comeco nem achei que alguem fosse querer ler meus relatos mas logo depois vieram comentarios de varios lados opinando sobre o blog. O ruim era quando não tinha comentários e ai eu ficava chateado! rs
Abracos a todos!!
Fim
sábado, outubro 14, 2006
terça-feira, setembro 26, 2006
Hiroshima, terra dos Okonomiyakes estilo panqueca e da rosa de lagrimas e esperança
quarta-feira, setembro 20, 2006
Osaka, terra do movimento incessante de mentes inquietas
Na casa da minha amiga, Mayumi, em Osaka
Na casa da Hiroko Fukushima, prima do meu pai
Na Danjiri Matsuri, festa famosa de Osaka. Muita, muita gente...
Acreditam que isso é um túmulo?? O maior túmulo do mundo e talvez o mais bem guardado, pois ninguém nunca viu pra ver o que tinha no caixão. Construído no ano 700 dC.
Foto da entrada do túmulo
Fim de semana de muitas visitas. Sai de Okayama na sexta à noite e cheguei la pras 11 e meia na casa da Mayumi. No sábado fomos ao Danjiri Matsuri, dizem ser uma festa famosa de Osaka onde anté os estrangeiros vão lá pra ver. Dizem ainda que é a festa mais perigosa pois muitas vezes os carros alegóricos tombam ou as pessoas que o carregam se machucam.
Muita gente, muita alma caminhando pelas ruas, todos para ver os carros alegóricos. A amiga de minha amiga me disse que gosta de Osaka pois as pessoas são cheias de energia, vibrantes.
Passei o dia com três garotas, a Mayumi, a Tomi e a Samechan.
A Mayumi, 26 anos, eu conheci enquanto estive no Canadá, e agora trabalha como aeromoça na JAL. Bonita, sorridente e simpática, é uma garota que cativa a qualquer um.
Tomi tem 27 anos, estudou 1 ano nos EUA, Wiscousin, e sua terra natal é Tottori, província interiorana ao norte de Okayama conhecida pelas dunas e praias. Trabalhou 4 anos lá e mudou-se a 1 ano e meio para Osaka. Prefere muito mais viver em Osaka.¨Tem mais coisa pra fazer¨ diz ela. Engraçada, adora fazer uma piada e gosta de beber.
Samechan tem 26 anos, alta, dentes frontais salientes, sofre de date sick, ou seja, está a procura de um namorado. E rápido, pois a casa dos trinta está chegando. Estudou 1 ano na Austrália e agora trabalha na Qantas Airlines, companhia aérea australiana.
No domingo fui visitar os parentes por parte do meu avô paterno, e conheci os últimos parentes da lista. A Sra. Fukushima foi a anfitriã, mais velha das primas pois é a primogênita de Tetsuiti Murakami, irmão mais velho de meu avô.
Todos foram muito atenciosos comigo, fizeram banquetes, reuniram a família, me deram muitos presentes. Isso tudo não seria possível se não fosse a semente que minha avó plantou em sua viagem ao Japão a alguns anos atrás a procura desses parente distantes.
Ela me contou que quando meu avô estava para vir ao Brasil, sua irmã mais nova agarrava em suas roupas e chorava para que ele não fosse. E se ele não tivesse ido? Coisa engraçada essa de famílias separadas por grandes distâncias, nacionalidades distintas, línguas completamente diferentes.
quinta-feira, setembro 14, 2006
Conceito de Família
Como diz o Jornal da Manhã da Jovem Pan, a familia e a base da sociedade. Acho que a melhor coisa da família é o sentimento de amor e amizade que existe entre os familiares. Sem isso, de nada valeria tal relação.
Tenho percebido que esse sentimento pode ser dividido não apenas com os familiares, mas com qualquer pessoa que se possua afinidade. Verdadeiros amigos não são nada mais que nossos irmãos de viagem.
Aqui no Japão convivo diariamente com 3 pessoas. Ninguém escolheu estar com ninguém, assim como todas as famílias se formam. Claro, com exceção dos pais que se casam por livre e expontânea vontade...mas os filhos não escolhem as famílias que irão nascer.
Bom, continuando, nos tornamos muito próximos, apesar de todas as diferenças que obviamente existem entre nós. Mas a verdade é que eu sinto como se formássemos uma família de irmãos, quatro irmãos. Esse sentimento de mútua ajuda, de compreensão, de treinar a paciência, controlando os maus sentimentos me fazem lembrar minha família verdadeira.
Desta forma, tenho mudado meu conceito sobre o vocábulo família. Família não é sangue, família é sentimento. Família é se doar, se ajudar, de polir as arestas de sentimentos rudes, de treinar a paciência, a tolerância, de se sentir parte de um grupo, de algo maior, de se sentir querido, amado.
Tenho percebido que esse sentimento pode ser dividido não apenas com os familiares, mas com qualquer pessoa que se possua afinidade. Verdadeiros amigos não são nada mais que nossos irmãos de viagem.
Aqui no Japão convivo diariamente com 3 pessoas. Ninguém escolheu estar com ninguém, assim como todas as famílias se formam. Claro, com exceção dos pais que se casam por livre e expontânea vontade...mas os filhos não escolhem as famílias que irão nascer.
Bom, continuando, nos tornamos muito próximos, apesar de todas as diferenças que obviamente existem entre nós. Mas a verdade é que eu sinto como se formássemos uma família de irmãos, quatro irmãos. Esse sentimento de mútua ajuda, de compreensão, de treinar a paciência, controlando os maus sentimentos me fazem lembrar minha família verdadeira.
Desta forma, tenho mudado meu conceito sobre o vocábulo família. Família não é sangue, família é sentimento. Família é se doar, se ajudar, de polir as arestas de sentimentos rudes, de treinar a paciência, a tolerância, de se sentir parte de um grupo, de algo maior, de se sentir querido, amado.
segunda-feira, setembro 11, 2006
Crescimento
Algo tem acontecido comigo estes ultimos tempos. No comeco da viagem estava entusiasmado, cheio de alegria para as novas experiencias que iria viver. Algo mudou. Tudo parece nao ter mais graca. Tudo parece ser uma grande ilusao, prazeres que nos extasiam no momento, mas logo apos deixam apenas o vazio. Um coracao vazio, pronto para outra viagem, outro gole, outro beijo, outro sexo. Estou ficando cansado. Cansado de felicidades temporarias. Quero o eterno, o infinito, algo que va alem de tudo isso que ja vivi. Nao busco o apice, o extase, o prazer maior. Quero sentir a paz na alma, quero ter o olhar calmo daquele que entendeu seu caminho, seu lugar no mundo.
Continuo caminhando, viajando, beijando, comendo, bebendo, mas agora com um olhar alem, de quem quer algo mais.
Continuo caminhando, viajando, beijando, comendo, bebendo, mas agora com um olhar alem, de quem quer algo mais.
Verao
Agora sao meio-dia e meio de um dia chuvoso e a temperatura esta bem mais amena que no verao. E nitida a passagem do verao para o outono. Umidade e temperatura caem, os tufoes trazem as chuvas e ventos fortes, as frutas tipicas da estacao, as propagandas que anunciam as colecoes de outono.
Os japoneses levam suas vidas muito de acordo com as estacoes do ano. Isso se deve ao fato de elas serem muito distintas, tanto pela temperatura, quanto pela natureza que se altera drasticamente em suas cores e formas. E como se a cada estacao as arvores trocassem suas roupas e os japoneses seguissem esse ciclo.
Cheguei aqui em maio, no comeco da primavera, presenciei o verao, e volto no comeco de outubro, quando o outono comeca a dar as caras. Desta forma, vou falar um pouco do verao, que e o periodo que mais conheci.
Posso resumir o verao em duas palavras: quente e umido! Quando me falaram no Brasil do verao quente daqui, nunca iria imaginar que seria tanto...pensei, "para alguem que vem do Brasil calor brabo e brisa...." Ingenuidade minha. Um calor desgracado que faz o corpo ficar melado so de andar um pouco pelas ruas. Entrar em uma loja com ar condicionado (todas elas tem) e uma maravilha, tal como o homem que sai da superficie pesada da lua e entra na espaconave onde a gravidade e igual a da Terra.
E uma estacao de muitos insetos. Vejo aqui uma variedade maior de insetos que no Brasil. Sao mosquitos, vespas, mariposas, taturanas, borboletas, tombos, joaninhas, tatuzinhos, aranhas, pernilongos, cigarras...alias, essas ultimas fazem um coro de dar inveja a qualquer filarmonica durante o dia. Elas se grudam as arvores e so paramde cantar quando morrem. Todo dia vejo uma ou outra caida por ai de tanta cantoria. Apesar de nao gostar muito de insetos, nao pude deixar de admirar a beleza e variedade dos insetos japoneses. Sao grandes e coloridos, impossivel passarem despercebidos.
Verao e a epoca dos pessegos e uvas verdes e roxas. Okayama e conhecida pela qualidade de suas frutas, e, por isso, podemos encontra-las bonitas e baratas. Baratas, claro, dentro de um ponto de vista japones. As frutas, como todo alimento aqui e mais caro que se comparado ao Brasil. Como ha pouca terra, eles cuidam cada alimento com um cuidado surpreendente, e por isso o motivo delas serm tao caras. Ja vi um pacote de 4 pessegos custarem 50 reais. Mas cada uma parece tao perfeita e suculenta que as vezes penso que vale tudo isso.
Esta tambem e a epoca dos festivais de rua, os carnavais do povo. Em todo canto do Japao tem um matsuri (festival) tipico da regiao, com musicas, dancas e vestimentas distintas, cada uma destacando as qualidades do seu povo. As de Okayama, por exemplo, exaltavam o modo de falar okayamense, sua historia de vitorias, suas lendas. Varios grupos de danca de formam e competem entre si no dia do festival para saber quem e o melhor.
Os japoneses levam suas vidas muito de acordo com as estacoes do ano. Isso se deve ao fato de elas serem muito distintas, tanto pela temperatura, quanto pela natureza que se altera drasticamente em suas cores e formas. E como se a cada estacao as arvores trocassem suas roupas e os japoneses seguissem esse ciclo.
Cheguei aqui em maio, no comeco da primavera, presenciei o verao, e volto no comeco de outubro, quando o outono comeca a dar as caras. Desta forma, vou falar um pouco do verao, que e o periodo que mais conheci.
Posso resumir o verao em duas palavras: quente e umido! Quando me falaram no Brasil do verao quente daqui, nunca iria imaginar que seria tanto...pensei, "para alguem que vem do Brasil calor brabo e brisa...." Ingenuidade minha. Um calor desgracado que faz o corpo ficar melado so de andar um pouco pelas ruas. Entrar em uma loja com ar condicionado (todas elas tem) e uma maravilha, tal como o homem que sai da superficie pesada da lua e entra na espaconave onde a gravidade e igual a da Terra.
E uma estacao de muitos insetos. Vejo aqui uma variedade maior de insetos que no Brasil. Sao mosquitos, vespas, mariposas, taturanas, borboletas, tombos, joaninhas, tatuzinhos, aranhas, pernilongos, cigarras...alias, essas ultimas fazem um coro de dar inveja a qualquer filarmonica durante o dia. Elas se grudam as arvores e so paramde cantar quando morrem. Todo dia vejo uma ou outra caida por ai de tanta cantoria. Apesar de nao gostar muito de insetos, nao pude deixar de admirar a beleza e variedade dos insetos japoneses. Sao grandes e coloridos, impossivel passarem despercebidos.
Verao e a epoca dos pessegos e uvas verdes e roxas. Okayama e conhecida pela qualidade de suas frutas, e, por isso, podemos encontra-las bonitas e baratas. Baratas, claro, dentro de um ponto de vista japones. As frutas, como todo alimento aqui e mais caro que se comparado ao Brasil. Como ha pouca terra, eles cuidam cada alimento com um cuidado surpreendente, e por isso o motivo delas serm tao caras. Ja vi um pacote de 4 pessegos custarem 50 reais. Mas cada uma parece tao perfeita e suculenta que as vezes penso que vale tudo isso.
Esta tambem e a epoca dos festivais de rua, os carnavais do povo. Em todo canto do Japao tem um matsuri (festival) tipico da regiao, com musicas, dancas e vestimentas distintas, cada uma destacando as qualidades do seu povo. As de Okayama, por exemplo, exaltavam o modo de falar okayamense, sua historia de vitorias, suas lendas. Varios grupos de danca de formam e competem entre si no dia do festival para saber quem e o melhor.
sexta-feira, setembro 08, 2006
terça-feira, setembro 05, 2006
Pensamentos...
Estar aqui é parecido com a experiência de me olhar no espelho
Vejo faces e trejeitos iguais aos meus
A cada dia eu me encontro andando nas ruas de Okayama
Mas como todo espelho, ela apenas mostra uma única face
A metade de um inteiro
Vejo faces e trejeitos iguais aos meus
A cada dia eu me encontro andando nas ruas de Okayama
Mas como todo espelho, ela apenas mostra uma única face
A metade de um inteiro
domingo, setembro 03, 2006
Viagem à terra dos tupiniquins no Japão
Este fim de semana fui para Toyohashi, na província de Aichi-ken visitar minha querida tia Kimie, o tio Massayuki, e meus primos Mayumi, Kenji e Takeshi. Mais dois membros entraram para a família Kaneko: o marido da Mayumi, o Hideki, e o filho deles, o Júlio.
Cheguei em Toyohashi lá pelas 3 da tarde depois de uma longa viagem de 5 horas pegando trem comuns e fazendo baldeações. Visitamos lojas, fomos a restaurantes, e no domingo teve uma festa brasileira num parque da cidade. Era o dia do Brasil e nesta festa haviam barracas de comidas típicas brasileiras e no palco, atrações de música misturando cultura brasileira e japonesa.
Haviam muitos brasileiros nesta festa. Incrível o número de conterrâneos naquela região do Japão. Até parece a volta dos imigrantes japoneses à terra natal. Existem na cidade muitas lojas de artigos brasileiros, supermercados, fora os serviços específicos, tais como bancos tupiniquins, ofertas de emprego,...Fiquei realmente surpreso com tudo aquilo. Não sabia que a comunidade era tão grande. Mais ainda fiquei por perceber como os nikkeys se integraram ao povo brasileiro. Vi muitas faces de traços mestiços, muitos que não tinham sangue japonês mas eram casados com nikkeys. Realmente não somos mais japoneses. Engraçado pensar que no Japão somos chamados de brasileiros, e no Brasil, de japoneses...
Não somos nem brasileiros nem japoneses. Somos os dois, uma mistura muito especial de dois temperos muito distintos.
Agradeço à família Kaneko por me hospedarem com tanto carinho em suas casas. Digo no plural pois agora Mayumi mora em outra casa, junto com seu marido e filho.
A família Kaneko cresceu. Precisaram comprar um carro grande para carregar a todos com conforto. Takeshi, meu primo mais novo, que quando saiu de Sao Paulo era um pivetinho agora esta grande, com namorada, participando dos eventos da comunidade. Julio, o filho da Mayumi ja tem 2 anos e meio e ja fala, conversa. Kenji continua sempre com aquela alma pura, gostando do Criança Esperança e agora não sai da internet. Senti uma união muito grande entre eles. Uma verdadeira família, onde todos entendem e ajudam uns aos outros.
Cheguei em Toyohashi lá pelas 3 da tarde depois de uma longa viagem de 5 horas pegando trem comuns e fazendo baldeações. Visitamos lojas, fomos a restaurantes, e no domingo teve uma festa brasileira num parque da cidade. Era o dia do Brasil e nesta festa haviam barracas de comidas típicas brasileiras e no palco, atrações de música misturando cultura brasileira e japonesa.
Haviam muitos brasileiros nesta festa. Incrível o número de conterrâneos naquela região do Japão. Até parece a volta dos imigrantes japoneses à terra natal. Existem na cidade muitas lojas de artigos brasileiros, supermercados, fora os serviços específicos, tais como bancos tupiniquins, ofertas de emprego,...Fiquei realmente surpreso com tudo aquilo. Não sabia que a comunidade era tão grande. Mais ainda fiquei por perceber como os nikkeys se integraram ao povo brasileiro. Vi muitas faces de traços mestiços, muitos que não tinham sangue japonês mas eram casados com nikkeys. Realmente não somos mais japoneses. Engraçado pensar que no Japão somos chamados de brasileiros, e no Brasil, de japoneses...
Não somos nem brasileiros nem japoneses. Somos os dois, uma mistura muito especial de dois temperos muito distintos.
Agradeço à família Kaneko por me hospedarem com tanto carinho em suas casas. Digo no plural pois agora Mayumi mora em outra casa, junto com seu marido e filho.
A família Kaneko cresceu. Precisaram comprar um carro grande para carregar a todos com conforto. Takeshi, meu primo mais novo, que quando saiu de Sao Paulo era um pivetinho agora esta grande, com namorada, participando dos eventos da comunidade. Julio, o filho da Mayumi ja tem 2 anos e meio e ja fala, conversa. Kenji continua sempre com aquela alma pura, gostando do Criança Esperança e agora não sai da internet. Senti uma união muito grande entre eles. Uma verdadeira família, onde todos entendem e ajudam uns aos outros.
quinta-feira, agosto 31, 2006
Ditado japones
Ontem, quarta-feira, meu professor colocou um ditado japonês na lousa para os alunos. Segundo ele, este é um ditado antigo, onde ainda se utiliza um linguagem antiga, que não se usa mais.
Ninguém deu muita bola pro que ele escreveu. Acho que ele já sabia disso. Acho tambem que ele sabia que às vezes um ou outro olha com maior atenção e assimila a verdade daquilo.
Sua tradução fica mais ou menos assim:
As flores do vizinho sempre parecem mais vermelhas
Ao olhar para o lado você se distância de suas flores
O musgo não cresce nas pedras que rolam pelo rio
Ninguém deu muita bola pro que ele escreveu. Acho que ele já sabia disso. Acho tambem que ele sabia que às vezes um ou outro olha com maior atenção e assimila a verdade daquilo.
Sua tradução fica mais ou menos assim:
As flores do vizinho sempre parecem mais vermelhas
Ao olhar para o lado você se distância de suas flores
O musgo não cresce nas pedras que rolam pelo rio
domingo, agosto 27, 2006
Cavocando as raízes da família Murakami
Eu e o casal Murakami. O homem à direita é o Kazutoshi Murakami
Um portal gigante que fica no interior de Okayama
Num dos templos que visitamos, nao me lembro o nome. Foram vários...
Sábado, dia 26 de outubro de 2006, fui encontrar com o primo do meu pai, o Sr. Kazutoshi Murakami. Em japonês, Murakami-san.
Juntando meu parco conhecimento do japonês e seu acentuado sotaque da região de Okayama, acho que consegui entender uns 40% de tudo que ele me disse. Ele me contou tanta coisa sobre as histórias de nossa família, o destino de cada um dos irmãos e de seus descendentes, sua vida, suas opiniões, seu modo de pensar...como eu gostaria de entender melhor o japonês...me ajudaria em muito a entender melhor o povo japonês.
Deixando as lamentações de lado, redijo aqui o que consegui absorver de nossas conversas.
Kazutoshi Murakami nasceu na cidade de Takahashi no ano de 1937, durante o período da guerra entre Japão e China. Ele é o segundo filho de Tetsuiti Murakami, irmão mais velho de meu avô. Estudou até o colegial em Takahashi e conseguiu cursar uma faculdade, coisa muito difícil para alguém nascido nessa época. Sua infância foi extremamente difícil tendo em vista a Guerra contra os EUA, a falta de comida, buscando refúgio contra bombas, o medo. Trabalhou uns 30 anos como funcionário do governo de Okayama, o que lhe permitia fazer viagens constantes dentro da província. Teve um filho e uma filha. O filho infelizmente morreu aos 10 anos de idade. Sua filha, agora com 36 anos, se casou em maio desse ano. Ele fala rindo que sua filha se casou com um filho já nascido, ou seja, já não era mais virgem. Pensei, é meu caro meio-primo Kazutoshi, os tempos são outros...
Takahashi é uma cidade que fica à beira do rio Takahashi mas que se estende ao longo do cenário montanhoso. Uma cidade interiorana, bela, cheia de histórias, fica num vale, cenário típico da região. O trilho do trem que corre ao longo do rio, montanhas por todos os lados, casas seculares, tudo muito bem cuidado, bonito. A impressão que eu tenho é que tudo parece estar no seu devido lugar, como deve ser.
As casas antigas, comuns na região, são sempre com frente estreita e fundo comprido. Geralmente tem um comércio na frente e aos fundos é onde eles moram. Se tiverem espaço montam um jardim japonês, plantam umas verduras, frutas. Engraçado que a casa da minha avó no Brasil também tem esse formato. Nos fundos ela tem um jardim onde ela cuida d´um pé de caqui gigante, flores e de vez em quando planta umas frutas como morango e outras coisas. Engraçado como essas coisas de educação e coisas aprendidas na infância influenciam no modo de viver das pessoas...
Ele me levou para ver alguns familiares e muitos templos budistas e xintoístas. Um dos templos, o Rakyuji Temple, tinha um jardim japonês belíssimo, bem no estilo zen budista. Dentro dele dava pra sentir uma paz de espírito imensa. Kazutoshi fez um comentário: Seria ótimo se tivesse um copo de sake agora e beber enquanto se admira o jardim...
Por último, falo de meu bisavô. Seu nome era Yonekiti Murakami. Sua mulher se chamava Massano e tiveram 5 filhos. Foi ele que me passou essa minha vista ruim. Seu trabalho era comandar os barcos que transportavam mercadorias, e que corriam ao longo do Rio Takahashi até desembocar no mar. O dia inteiro percorri estradas que andavam ao longo desse rio. O rio é largo, mas raso, pedregulhos nas margens e o cenário de montanhas altas em volta. Fiquei olhando o rio e imaginando meu bisavô remando e navegando aquelas águas. Dá até saudade. Uma vontade louca de tê-lo conhecido, de saber como ele era.
sexta-feira, agosto 25, 2006
Não percam! A maior peça de teatro já encenada!
A cada dia um novo começo. Percebo que a vida corre como um ciclo, a todo momento reiniciando e reciclando os relacionamentos, como num jogo quando no término de uma rodada apenas muda-se a disposição das peças, trocam-se alguns jogadores e o jogo recomeça, num jogo sem fim. O eterno jogo da vida.
Pessoas vão, alguns ficam e novos personagens entram na estória. Cada vez mais tudo parece uma monumental peça de teatro, uma grande mentira.
No final da tarde, olho para o céu, o horizonte. Um céu de azuis, violetas, roxos, laranjas. Belíssimo. Como se tivesse uma grande mão por trás pintando aquela cena. E os prédios que de dia pareciam tão reais, agora parecem maquetes de um cenário feito de papel e plástico. Tudo parece não ter tanta importância assim. Talvez o crepúsculo tenha o poder de revelar certas coisas que não vemos em outros momentos.
Pessoas vão, alguns ficam e novos personagens entram na estória. Cada vez mais tudo parece uma monumental peça de teatro, uma grande mentira.
No final da tarde, olho para o céu, o horizonte. Um céu de azuis, violetas, roxos, laranjas. Belíssimo. Como se tivesse uma grande mão por trás pintando aquela cena. E os prédios que de dia pareciam tão reais, agora parecem maquetes de um cenário feito de papel e plástico. Tudo parece não ter tanta importância assim. Talvez o crepúsculo tenha o poder de revelar certas coisas que não vemos em outros momentos.
quarta-feira, agosto 23, 2006
Pessoas, histórias, experiências...
Fotos dos últimos dias, o que tenho feito de bom, os eventos que tenho participado.
Domingo de tarde, num almoço de cultura do Laos. Quem nos chamou foi a família Tanaka que fizemos homestay. A garota no centro dançou uma dança típica do Laos para os cinvidados
Com o pessoal do Sawara num jantar de comemoração do segundo lugar no Matsuri
Segunda-feira, com a Minami-san, irma do meu avô e a filha dela.
Terça-feira, jantar de boas-vindas ao Edu e a Linade Tóquio, num restaurante de Curry com a galera de Okayama
Domingo de tarde, num almoço de cultura do Laos. Quem nos chamou foi a família Tanaka que fizemos homestay. A garota no centro dançou uma dança típica do Laos para os cinvidados
Com o pessoal do Sawara num jantar de comemoração do segundo lugar no Matsuri
Segunda-feira, com a Minami-san, irma do meu avô e a filha dela.
Terça-feira, jantar de boas-vindas ao Edu e a Linade Tóquio, num restaurante de Curry com a galera de Okayama
O Caminho do Japonês
Minha mãe me mandou um email hoje com uma mensagem da Seicho-No-Ie muito boa. Posto aqui para compartilhar com todos:
"QUEM APROVEITA BEM O TEMPO VIVIFICA A PRÓPRIA VIDA". Se você sempre tiver à mão um livro e um caderno, poderá ussar seus momentos livres de modo bastante proveitoso, lendo, tomando nota, redigindo algo, esboçando um desenho etc. Pare de se lamentar que não dispõe de tempo. Tempo é algo que deve ser criado, encontrado, explorado, aproveitado, vivificado. A Vida é tempo, e, por outro lado, o Tempo é Vida.
Recebi uma revista de Artes e Cultura do Japão de uma amiga de minha tia de Kobe. Um de seus artigos fala sobre o grão-mestre de cerimônia do chá, a décima-sexta geração de uma família de mestres, um cara chamado Sen Soshitsu.
De acordo com o texto, o Chado, ou o Caminho do Chá, nasceu no século 14, incorporou o espírito Zen, e sobrevive até hoje como parte integral da cultura japonesa. É definido como uma meditação silenciosa. Meditação em movimento. Convidando pessoas para tomarem chá, fazendo o chá e servindo-as, cultiva-se o espírito e as maneiras.
Suas palavras: Assim como um monge Zen pratica sua vida inteira no seu aperfeiçoamento espiritual, a pessoa que pratica o Chado deve praticar sua vida inteira, dia após dia, na sala de chá.
A Cerimônia do Chá reflete em muito o modo de agir do japonês. Percebo isso em cada lugar que vou, numa loja de conveniência, na rua conversando com as pessoas, numa roda de amigos. O japonês dá extrema importância à polidez, ao ser gentil, ao sorriso. A aparência, o visual é sempre impecável, em qualquer lugar que se vá.
Na própria língua japonesa, há formas diferentes de se falar com as pessoas. Para cada situação as palavras que se usam são diferentes. Por exemplo, há jeitos diferentes de se falar "você". Quando a pessoa é inferior a você, como um empregado, um filho, alguém mais novo; quando a pessoa é igual a você, como um amigo, alguém de mesma idade, alguém com mesmo cargo; ou alguém superior, como seu chefe, seus pais, alguém mais velho.
Nas lojas, os funcionários sempre usam a forma mais polida para falar com os clientes. Essa coisa do treinar as maneiras, o modo de agir para polir o interior.
Até o próprio cumprimentar, onde se abaixa a cabeça, na minha opinião reflete um pouco isso. Não é um cumprimentar de mãos, onde a imagem é de uma parceria entre iguais. Num cumprimento típico japonês, o que parece para mim é o se rebaixar, mas não num sentido ruim, negativo, mas que demonstra humildade perante a pessoa que se cumprimenta. O que nos remete à filosofia Zen budista, o ser polido sempre, nunca criar intrigas, nadar sempre pra aonde a maré corre, a fluidez, o redondo, macio. Nunca quadrado, arestas pontiagudas. Sempre arredondado.
Mas percebo também que muitos japoneses aprendem a ser polidos sem compreenderem o real significado de tudo isso. Quantas vezes não entrei numa loja e o que vi atrás da máquina registradora era um robô repetindo palavras polidas sem sentimento algum, ou pior, e como na maioria das vezes, sem sequer olhar no meu rosto. Sempre que posso, tento parar e olhar nos olhos das pessoas e procurar um olhar, dar um sorriso, dizer Arigatougozaimasu e sair.
"QUEM APROVEITA BEM O TEMPO VIVIFICA A PRÓPRIA VIDA". Se você sempre tiver à mão um livro e um caderno, poderá ussar seus momentos livres de modo bastante proveitoso, lendo, tomando nota, redigindo algo, esboçando um desenho etc. Pare de se lamentar que não dispõe de tempo. Tempo é algo que deve ser criado, encontrado, explorado, aproveitado, vivificado. A Vida é tempo, e, por outro lado, o Tempo é Vida.
Recebi uma revista de Artes e Cultura do Japão de uma amiga de minha tia de Kobe. Um de seus artigos fala sobre o grão-mestre de cerimônia do chá, a décima-sexta geração de uma família de mestres, um cara chamado Sen Soshitsu.
De acordo com o texto, o Chado, ou o Caminho do Chá, nasceu no século 14, incorporou o espírito Zen, e sobrevive até hoje como parte integral da cultura japonesa. É definido como uma meditação silenciosa. Meditação em movimento. Convidando pessoas para tomarem chá, fazendo o chá e servindo-as, cultiva-se o espírito e as maneiras.
Suas palavras: Assim como um monge Zen pratica sua vida inteira no seu aperfeiçoamento espiritual, a pessoa que pratica o Chado deve praticar sua vida inteira, dia após dia, na sala de chá.
A Cerimônia do Chá reflete em muito o modo de agir do japonês. Percebo isso em cada lugar que vou, numa loja de conveniência, na rua conversando com as pessoas, numa roda de amigos. O japonês dá extrema importância à polidez, ao ser gentil, ao sorriso. A aparência, o visual é sempre impecável, em qualquer lugar que se vá.
Na própria língua japonesa, há formas diferentes de se falar com as pessoas. Para cada situação as palavras que se usam são diferentes. Por exemplo, há jeitos diferentes de se falar "você". Quando a pessoa é inferior a você, como um empregado, um filho, alguém mais novo; quando a pessoa é igual a você, como um amigo, alguém de mesma idade, alguém com mesmo cargo; ou alguém superior, como seu chefe, seus pais, alguém mais velho.
Nas lojas, os funcionários sempre usam a forma mais polida para falar com os clientes. Essa coisa do treinar as maneiras, o modo de agir para polir o interior.
Até o próprio cumprimentar, onde se abaixa a cabeça, na minha opinião reflete um pouco isso. Não é um cumprimentar de mãos, onde a imagem é de uma parceria entre iguais. Num cumprimento típico japonês, o que parece para mim é o se rebaixar, mas não num sentido ruim, negativo, mas que demonstra humildade perante a pessoa que se cumprimenta. O que nos remete à filosofia Zen budista, o ser polido sempre, nunca criar intrigas, nadar sempre pra aonde a maré corre, a fluidez, o redondo, macio. Nunca quadrado, arestas pontiagudas. Sempre arredondado.
Mas percebo também que muitos japoneses aprendem a ser polidos sem compreenderem o real significado de tudo isso. Quantas vezes não entrei numa loja e o que vi atrás da máquina registradora era um robô repetindo palavras polidas sem sentimento algum, ou pior, e como na maioria das vezes, sem sequer olhar no meu rosto. Sempre que posso, tento parar e olhar nos olhos das pessoas e procurar um olhar, dar um sorriso, dizer Arigatougozaimasu e sair.
quarta-feira, agosto 16, 2006
Uma vida por um amanhecer
Monte Fuji. A melhor aventura que já vivi. Um desafio que colocou minha confiança e perseverança à prova.
Conversando com o Leandro, a idéia de subir o Monte Fuji surgiu por acaso.
Começamos a caminhada lá pelas 7 da noite, quase anoitecendo. Um subida íngreme, difícil. Muita pedra, terra e poeira que dificultavam a caminhada. Muitas paradas para descanso, recuperar o fôlego, molhar a garganta com isotônico e seguir viagem.
Foram 5 horas de subida pela rota Fujinomiya, a mais curta, mas a mais íngreme, segundo o que ouvi.
Quando cheguei ao topo, achei que tinha sido fácil. Subimos rápido, sem paradas grandes. Mal sabia eu que o maior desafio estava por vir.
Chegamos ao cume às 0:30 da segunda-feira. Estavamos cansados e assim como todos os que lá estavam, deitamos na terra mesmo e tiramos um cochilo. Uma hora depois acordei de frio, meus pés e minhas mãos estavam gelados, apesar das luvas. O vento cortante irritava meu rosto. Meu nariz e as pontas da minha orelha estavam vermelhas pelo frio.
À medida que o tempo passava, o frio ia subindo pelo meu corpo através dos pés, das mãos, do rosto. Minhas pernas, que antes estavam aquecidas pela roupa já não conseguiam mais conter o calor. Uma sensação horrível, um arrependimento de ter chegado tão cedo, de não ter trazido um gorro, um saco de dormir, uma barraca para nos proteger do frio, uma toalha para cobrir o rosto.
Às 4 da manhã, eu já pensava em desistir de assistir o nascer do sol. Já não aguentava tanto frio e minha confiança estava totalmente abalada. Tinha resistido até aquele momento com minha postura positiva mas ela já estava se esgotando.
Foi quando olhei o céu e percebi uma claridade no horizonte. Estava finalmente amanhecendo! Corremos para um ponto mais alto para admirarmos mehor o espetáculo.
Sem nuvem alguma. Sem chuva. Sem dúvida, a cena mais bela que já tive em minha vida.
Do cume do Monte Fuji, como se fosse um Deus que do alto tudo enxerga, presenciei os primeiros raios de luz. O céu era uma gama de cores que vai do vermelho, do violeta, do amarelo, azul , azul escuro. Um azul que nunca tinha visto antes, puro, límpido. O mais belo gradiente de cores. Vi quando a luz começou a alcançar as cidades que antes estavam obscuras. Vi o litoral, o mar, a terra. E o sol vermelho, como um olho de fogo que surge no horizonte. Magnânimo. Como um rei que vem em minha direção com seu reluzente manto vermelho.
Neste momento, esqueci quase que inteiramente do frio que me dominava. O desafio tinha chegado ao final e eu tinha vencido. Vencido o frio, vencido as circuntâncias, vencido a mim mesmo.
Ao final, um agradecimento especial a meu grande amigo Leandro. Desde o começo me identifiquei contigo e desde então tenho dado muitas risadas nestas nossas andanças pelo Japão. Esta viagem não teria sido perfeita como foi sem sua companhia. E no momento mais difícil, em que o frio parecia que ia me vencer, sua energia e bom humor se sobressaíram e me ajudaram a aguentar aquela noite sem fim.
Conversando com o Leandro, a idéia de subir o Monte Fuji surgiu por acaso.
Começamos a caminhada lá pelas 7 da noite, quase anoitecendo. Um subida íngreme, difícil. Muita pedra, terra e poeira que dificultavam a caminhada. Muitas paradas para descanso, recuperar o fôlego, molhar a garganta com isotônico e seguir viagem.
Foram 5 horas de subida pela rota Fujinomiya, a mais curta, mas a mais íngreme, segundo o que ouvi.
Quando cheguei ao topo, achei que tinha sido fácil. Subimos rápido, sem paradas grandes. Mal sabia eu que o maior desafio estava por vir.
Chegamos ao cume às 0:30 da segunda-feira. Estavamos cansados e assim como todos os que lá estavam, deitamos na terra mesmo e tiramos um cochilo. Uma hora depois acordei de frio, meus pés e minhas mãos estavam gelados, apesar das luvas. O vento cortante irritava meu rosto. Meu nariz e as pontas da minha orelha estavam vermelhas pelo frio.
À medida que o tempo passava, o frio ia subindo pelo meu corpo através dos pés, das mãos, do rosto. Minhas pernas, que antes estavam aquecidas pela roupa já não conseguiam mais conter o calor. Uma sensação horrível, um arrependimento de ter chegado tão cedo, de não ter trazido um gorro, um saco de dormir, uma barraca para nos proteger do frio, uma toalha para cobrir o rosto.
Às 4 da manhã, eu já pensava em desistir de assistir o nascer do sol. Já não aguentava tanto frio e minha confiança estava totalmente abalada. Tinha resistido até aquele momento com minha postura positiva mas ela já estava se esgotando.
Foi quando olhei o céu e percebi uma claridade no horizonte. Estava finalmente amanhecendo! Corremos para um ponto mais alto para admirarmos mehor o espetáculo.
Sem nuvem alguma. Sem chuva. Sem dúvida, a cena mais bela que já tive em minha vida.
Do cume do Monte Fuji, como se fosse um Deus que do alto tudo enxerga, presenciei os primeiros raios de luz. O céu era uma gama de cores que vai do vermelho, do violeta, do amarelo, azul , azul escuro. Um azul que nunca tinha visto antes, puro, límpido. O mais belo gradiente de cores. Vi quando a luz começou a alcançar as cidades que antes estavam obscuras. Vi o litoral, o mar, a terra. E o sol vermelho, como um olho de fogo que surge no horizonte. Magnânimo. Como um rei que vem em minha direção com seu reluzente manto vermelho.
Neste momento, esqueci quase que inteiramente do frio que me dominava. O desafio tinha chegado ao final e eu tinha vencido. Vencido o frio, vencido as circuntâncias, vencido a mim mesmo.
Ao final, um agradecimento especial a meu grande amigo Leandro. Desde o começo me identifiquei contigo e desde então tenho dado muitas risadas nestas nossas andanças pelo Japão. Esta viagem não teria sido perfeita como foi sem sua companhia. E no momento mais difícil, em que o frio parecia que ia me vencer, sua energia e bom humor se sobressaíram e me ajudaram a aguentar aquela noite sem fim.
terça-feira, agosto 15, 2006
Dois anjos na Porta de Deus
Este post eu dedico à minha tia Vera, vulgo Akinechan, e minha prima Mireichan, duas lindas mulheres que muito admiro.
Akinechan é uma verdadeira dama. Já ouviram aquele ditado que diz que quando uma mulher precisa dizer que é uma dama, ela na verdade não é? Pois é, ela é exatamente o contrário. Em tudo o que ela faz está presente seu bom gosto, sua elegância.
Em seus gestos delicados, no seu modo de falar calmo e baixo, sua postura elegante, seus belos traços, seu caráter, sua polidez japonesa, seu amor pela família.
Única de sangue O na família. Única hakujin. Inteligentíssima, fala perfeitamente bem o português, o japonês e o inglês. Acredito que isso tenha lhe dado uma visão mais aguçada e crítica das duas culturas, uma visão mais imparcial das coisas da vida.
Vendo sua calma, sua paciência, tenho a impressão de que ela conseguiu aproveitar perfeitamente tudo que o casamento e a maternidade podem ensinar. Ela transmite uma calma, uma compreensão da vida de alguém que já viveu muito, que já passou por muitas experiências, como uma pedra polida pelo ir e vir das águas do mar.
Mirei, minha linda prima japonesa, herdou todas as qualidades de sua mãe. Elegante, bonita, inteligente. Pai japonês, mãe nipo-brasileira. Estudou longos anos no Canadá. Isso faz dela uma pessoa única. Teve uma criação japonesa rígida que moldou seu límpido caráter, mas sem os vícios da mente estreita dos japoneses comuns. Isso se deve ao fato de seus pais serem pessoas tão viajadas, de mente aberta. Uma garota romântica, como todas as garotas. Uma flor em seu momento mais belo.
Agradeço-as por me receberem com tanta hospitalidade em sua casa. Agradeço a Deus por serem minha família. Agradeço-as por dividirem comigo alguns belos momentos nesta longa peregrinação que é a vida.
quinta-feira, agosto 10, 2006
O Haver
Hoje não falo do que tenho passado, mas do que tenho ouvido. Adoro música. Adoro poesia. E Vinicius de Moraes une os dois de forma brilhante.
Acabei de gravar o CD de comemoração do aniversário de 90 anos dele no meu Ipod. É uma seleção de músicas, dedicatórias faladas de pessoas como Tom Jobim, Chico Buarque, e poesias. O segundo track é uma poesia declamada por ele mesmo, e de fundo, o Toquinho com seu violão tocando uma bela melodia bem baixinho. A poesia se chama O Haver.
Nesta poesia, ele rasga seu peito e se expõe por completo. Como se depois de longa caminhada, perdido e sozinho em meio a um deserto numa noite fria, morna, ele se despisse de tudo o que é material e prescindível, e computasse tudo aquilo que restou de si mesmo depois de tantas lutas.
O HAVER
Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura
Essa intimidade perfeita com o silêncio
Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo
- Perdoai! eles não têm culpa de ter nascido...
Resta esse antigo respeito pela noite, esse falar baixo
Essa mão que tateia antes de ter, esse medo
De ferir tocando, essa forte mão de homem
Cheia de mansidão para com tudo que existe.
Resta essa imobilidade, essa economia de gestos
Essa inércia cada vez maior diante do Infinito
Essa gagueira infantil de quem quer balbuciar o inexprimível
Essa irredutível recusa à poesia não vivida.
Resta essa comunhão com os sons, esse sentimento
Da matéria em repouso, essa angústia da simultaneidade
Do tempo, essa lenta decomposição poética
Em busca de uma só vida, uma só morte, um só Vinicius.
Resta esse coração queimando como um círio
Numa catedral em ruínas, essa tristeza
Diante do cotidiano; ou essa súbita alegria
Ao ouvir na madrugada passos que se perdem sem memória.
Resta essa vontade de chorar diante da beleza
Essa cólera cega em face da injustiça e do mal-entendido
Essa imensa piedade de si mesmo, essa imensa
Piedade de sua inútil poesia e de sua força inútil.
Resta esse sentimento da infância subitamente desentranhado
De pequenos absurdos, essa tola capacidade
De rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil
E essa coragem de comprometer-se sem necessidade.
Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza
De quem sabe que tudo já foi como será e virá a ser
E ao mesmo tempo esse desejo de servir, essa
Contemporaneidade com o amanhã dos que não têm ontem nem hoje.
Resta essa faculdade incoercível de sonhar
De transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade
De aceitá-la tal como é, e essa visão
Ampla dos acontecimentos, e essa impressionante.
E desnecessária presciência, e essa memória anterior
De mundos inexistentes, e esse heroísmo
Estático, e essa pequenina luz indecifrável
A que às vezes os poetas dão o nome de esperança.
Resta essa obstinação em não fugir do labirinto
Na busca desesperada de uma porta quem sabe inexistente
E essa coragem indizível diante do grande medo
E ao mesmo tempo esse terrível medo de renascer dentro da treva.
Resta esse desejo de sentir-se igual a todos
De refletir-se em olhares sem curiosidade e sem história
Resta essa pobreza intrínseca, esse orgulho, essa vaidade
De não querer ser príncipe senão do seu reino.
Resta essa fidelidade à mulher e ao seu tormento
Esse abandono sem remissão à sua voragem insaciável
Resta esse eterno morrer na cruz de seus braços
E esse eterno ressuscitar para ser recrucificado.
Resta esse diálogo cotidiano com a morte, esse fascínio
Pelo momento a vir, quando, emocionada
Ela virá me abrir a porta como uma velha amante
Sem saber que é a minha mais nova namorada.
Acabei de gravar o CD de comemoração do aniversário de 90 anos dele no meu Ipod. É uma seleção de músicas, dedicatórias faladas de pessoas como Tom Jobim, Chico Buarque, e poesias. O segundo track é uma poesia declamada por ele mesmo, e de fundo, o Toquinho com seu violão tocando uma bela melodia bem baixinho. A poesia se chama O Haver.
Nesta poesia, ele rasga seu peito e se expõe por completo. Como se depois de longa caminhada, perdido e sozinho em meio a um deserto numa noite fria, morna, ele se despisse de tudo o que é material e prescindível, e computasse tudo aquilo que restou de si mesmo depois de tantas lutas.
O HAVER
Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura
Essa intimidade perfeita com o silêncio
Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo
- Perdoai! eles não têm culpa de ter nascido...
Resta esse antigo respeito pela noite, esse falar baixo
Essa mão que tateia antes de ter, esse medo
De ferir tocando, essa forte mão de homem
Cheia de mansidão para com tudo que existe.
Resta essa imobilidade, essa economia de gestos
Essa inércia cada vez maior diante do Infinito
Essa gagueira infantil de quem quer balbuciar o inexprimível
Essa irredutível recusa à poesia não vivida.
Resta essa comunhão com os sons, esse sentimento
Da matéria em repouso, essa angústia da simultaneidade
Do tempo, essa lenta decomposição poética
Em busca de uma só vida, uma só morte, um só Vinicius.
Resta esse coração queimando como um círio
Numa catedral em ruínas, essa tristeza
Diante do cotidiano; ou essa súbita alegria
Ao ouvir na madrugada passos que se perdem sem memória.
Resta essa vontade de chorar diante da beleza
Essa cólera cega em face da injustiça e do mal-entendido
Essa imensa piedade de si mesmo, essa imensa
Piedade de sua inútil poesia e de sua força inútil.
Resta esse sentimento da infância subitamente desentranhado
De pequenos absurdos, essa tola capacidade
De rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil
E essa coragem de comprometer-se sem necessidade.
Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza
De quem sabe que tudo já foi como será e virá a ser
E ao mesmo tempo esse desejo de servir, essa
Contemporaneidade com o amanhã dos que não têm ontem nem hoje.
Resta essa faculdade incoercível de sonhar
De transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade
De aceitá-la tal como é, e essa visão
Ampla dos acontecimentos, e essa impressionante.
E desnecessária presciência, e essa memória anterior
De mundos inexistentes, e esse heroísmo
Estático, e essa pequenina luz indecifrável
A que às vezes os poetas dão o nome de esperança.
Resta essa obstinação em não fugir do labirinto
Na busca desesperada de uma porta quem sabe inexistente
E essa coragem indizível diante do grande medo
E ao mesmo tempo esse terrível medo de renascer dentro da treva.
Resta esse desejo de sentir-se igual a todos
De refletir-se em olhares sem curiosidade e sem história
Resta essa pobreza intrínseca, esse orgulho, essa vaidade
De não querer ser príncipe senão do seu reino.
Resta essa fidelidade à mulher e ao seu tormento
Esse abandono sem remissão à sua voragem insaciável
Resta esse eterno morrer na cruz de seus braços
E esse eterno ressuscitar para ser recrucificado.
Resta esse diálogo cotidiano com a morte, esse fascínio
Pelo momento a vir, quando, emocionada
Ela virá me abrir a porta como uma velha amante
Sem saber que é a minha mais nova namorada.
quarta-feira, agosto 09, 2006
Fotos e pensamentos
Posto hj algumas fotos da semana passada, com os comentários devidos.
Decoração do tanabata nas ruas de Kurashiki.
No Brasil, sempre aprendi a cultura japonesa através do que foi passado de meus avós e de meus pais. Como meus avós vieram ao Brasil quando eram criança, achava que muito das coisas que meus pais faziam era coisa do passado, que os japoneses de agora ainda não faziam mais. E não apenas meus pais, mas toda a comunidade nikkey. Por exemplo, o tanabata matsuri na Liberdade sempre me pareceu algo meio fake, meio coisa do passado...um costume que parece tão de interior, um negócio meio rural...achava que não tinha mais isso no Japão do século 21.
Engano total meu. A toda hora vejo cenas que dão significado a tudo o que somos no Brasil. Como no exemplo do Tanabata matsuri, papeis são colocados em varios locais para as pessoas fazerem seus pedidos, até na minha escola, em todo lugar.
Uma das coisas que acho engraçado: sempre que me despeço de minha avó no Brasil, ela vai até a porta e fica fazendo tchau até eu sumir do mapa. Sempre achei que ela fazia isso porque ela gostava bastante da gente. Não que ela não goste, mas chegando aqui eu percebi que esse é um costume japonês, um modo de mostrar respeito, consideração! Este exemplo pode soar sem significado para alguns, mas para mim significa muito. É o que eu sou, é como fui criado. A cada instante no Japão eu consigo entender melhor a mim mesmo, a minha família e minha comunidade.
Hanabi na sexta feira. 2 horas de fogos de artificio. Tendas que vendem Takoyaki, kakigori, yakissoba, cerveja, refrigerante. Ruas fechadas. Povo na rua, aglomerado de gente, muita gente. Barulho, gente indo, vindo. Prédios gigantes, arquitetura belíssima, show de fogos na frente do rio que corta a cidade. Pessoas vestidas de yukata. Muita gente mexendo em seus celulares.
Que lugar mais único o Japão! A cidade com seus prédios modernos, tecnologia em todo lugar mas parece que suas almas são as mesmas de antigamente. Festejos que tem um aspecto tão rural acontecendo num cenario que parece tão moderno, asfalto. Mais ou menos como uma festa junina em plena Avenida Paulista.
Diálogo retirado no momento de tirar a foto:
- Ei Yuka, quem são aqueles dois de komono??
- Sei lá, vamo lá tirá uma foto com eles??
- Puta, que vergonha...
Fala da Japonesa que nos acompanhava - Esses trajes são de casamento. Vão lá! Não se vê isso a toda hora aqui.....
- Chama a galera então, vamo lá!
- Sumimasen, burajiru no kenshuin desukedo, shashin wo isshouni totemoi desuka??
...
Decoração do tanabata nas ruas de Kurashiki.
No Brasil, sempre aprendi a cultura japonesa através do que foi passado de meus avós e de meus pais. Como meus avós vieram ao Brasil quando eram criança, achava que muito das coisas que meus pais faziam era coisa do passado, que os japoneses de agora ainda não faziam mais. E não apenas meus pais, mas toda a comunidade nikkey. Por exemplo, o tanabata matsuri na Liberdade sempre me pareceu algo meio fake, meio coisa do passado...um costume que parece tão de interior, um negócio meio rural...achava que não tinha mais isso no Japão do século 21.
Engano total meu. A toda hora vejo cenas que dão significado a tudo o que somos no Brasil. Como no exemplo do Tanabata matsuri, papeis são colocados em varios locais para as pessoas fazerem seus pedidos, até na minha escola, em todo lugar.
Uma das coisas que acho engraçado: sempre que me despeço de minha avó no Brasil, ela vai até a porta e fica fazendo tchau até eu sumir do mapa. Sempre achei que ela fazia isso porque ela gostava bastante da gente. Não que ela não goste, mas chegando aqui eu percebi que esse é um costume japonês, um modo de mostrar respeito, consideração! Este exemplo pode soar sem significado para alguns, mas para mim significa muito. É o que eu sou, é como fui criado. A cada instante no Japão eu consigo entender melhor a mim mesmo, a minha família e minha comunidade.
Hanabi na sexta feira. 2 horas de fogos de artificio. Tendas que vendem Takoyaki, kakigori, yakissoba, cerveja, refrigerante. Ruas fechadas. Povo na rua, aglomerado de gente, muita gente. Barulho, gente indo, vindo. Prédios gigantes, arquitetura belíssima, show de fogos na frente do rio que corta a cidade. Pessoas vestidas de yukata. Muita gente mexendo em seus celulares.
Que lugar mais único o Japão! A cidade com seus prédios modernos, tecnologia em todo lugar mas parece que suas almas são as mesmas de antigamente. Festejos que tem um aspecto tão rural acontecendo num cenario que parece tão moderno, asfalto. Mais ou menos como uma festa junina em plena Avenida Paulista.
Diálogo retirado no momento de tirar a foto:
- Ei Yuka, quem são aqueles dois de komono??
- Sei lá, vamo lá tirá uma foto com eles??
- Puta, que vergonha...
Fala da Japonesa que nos acompanhava - Esses trajes são de casamento. Vão lá! Não se vê isso a toda hora aqui.....
- Chama a galera então, vamo lá!
- Sumimasen, burajiru no kenshuin desukedo, shashin wo isshouni totemoi desuka??
...
terça-feira, agosto 08, 2006
Garota de Miyasaki conhece Momotaro em pessoa
Gislaine num hospício em Okayama
Gislaine, bolsista de Miyazaki, chegou segunda de noite em nossa casa. Por causa da vinda dela, fizemos uma feijuca, farofa, salada, um jantar bem brasileiro! Foi uma noite muito agradavel!
Terça de manhã acordamos cedo e levei ela pra ver a ponte Seto Ohashi. Por um descuido, acabei esquecendo minha mochila no trem e acabou que ela visitou a província de Kagawa antes de mim. Minha própria mochila, acreditam nisso?? Claro, depois fui lá buscá-la e a encontrei no achados e perdidos chorando por tê-la esquecido assim depois de longo relacionamento. Marco na viagem: por descuido, acabei visitando Kagawa-ken pela primeira vez. Sou muito sortudo. Comigo até os descuidos dão certo. Incrível!
Depois levei-a para visitar o parque Korakuen (lugar que já citei bilhões de vezes aqui). Passeamos bastante e depois voltamos pra perto da estação central de Okayama e comemos Okonomiyaki num restaurante que já conhecia.
Senti muito prazer em levá-la para passear. É um sentimento de irmandade o dos bolsistas. Estamos todos na mesma situação, no mesmo barco. Todos estamos num lugar estranho e nos sentimos como irmãos numa viagem sem igual.
Apresentei Okayama como se fosse minha própria casa e espero ter passado uma boa impressão.
Los hermanos!!
domingo, agosto 06, 2006
Homestay
Fomos o Leandro e eu juntos fazer homestay no sabado e no domingo. A familia se chamava Tanaka. O pai tem 54 anos e trabalhana na Mitsubishi. Ele é meio caladão mas gente boa. A mãe tinha 59 anos, toma conta de filhos de mães que trabalham e ajuda no Centro de estrangeiros. Sempre recebe estudantes estrangeiros como eu para mostrar um pouco de como é uma família japonesa. Ela é o contrário do pai. Fala mais que a boca e muitas vezes eu me perdia no que ela estava falando. Tudo bem, já estou me acostumando a não entender tudo o que as pessoas falam. Muitas vezes o essencial são apenas algumas palavras chaves e sabendo isso, é possivel formular uma resposta que tenha a ver com o tópico da conversa. Coisas que estrangeiros entendem bem...
Bom, eles tem um filho da minha idade, qual seja, 27 anos, que trabalha perto de Toquio. Ele é 3 meses mais velho que eu e ainda é solteiro.
Quem realmente nos convidou pro Homestay foi a mãe, então conversamos muito mais com ela. Sábado de tarde e a noite conversamos bastante sobre relacionamentos, casamento, a richa entre japoneses e chineses...incrivel como sempre tenho esbarrado neste tópico...será que tenho algo a aprender também com os chineses??
Bom, a verdade é que nossa conversa foi extremamente útil para conhecer melhor o pensamento dos japoneses. A mãe nos considerava japoneses e muitas vezes falava para nós ficarmos no Japão e vivermos por lá, mais ou menos como uma volta dos que foram ao Brasil.
Ela dava muito valor ao sangue. Disse algo que já tinha ouvido antes, que por mais que tenhamos outra cultura, sempre o negócio do sangue fala mais alto, que, no fundo mesmo, eu não conseguiria fugir à minha raça, minha descendência. Que eu, apesar de ter nascido e crescido no Brasil, sempre teria o lado japonês que fala mais alto.
Eu refutei veementemente sua opinião, claro, com toda a educação que me ensinaram, e disse aquilo em que acredito, que gente é igual em qualquer lugar, seja no Paquistão, no Brasil ou no Japão. Muda a cor da pele, mudam traços físicos, mudam cortes de cabelos, mudam valores, costumes, vestimentas, mas isso tudo é muito superficial perto do que o ser humano é no seu âmago. Como já escrevi antes, todo mundo ama, sofre, sente compaixão, amizade, ódio, raiva. Ninguém escapa disso. E terminei dizendo que acho a experiência racial no Brasil, onde se jogam todos as raças num mesmo caldeirão, ótima para eliminar os preconceitos e diferenças, mesmo que isso de fato ainda não tenha acontecido.
Falei também pra ela algo que estive pensando naquele momento. Que se me perguntassem se eu me achava brasileiro ou japonês eu realmente não saberia dizer. Talvez diria: não sou nem japonês nem brasileiro. Já viajei pra vários lugares percebi que todo mundo é igual, todo mundo veio e vai pro mesmo ralo (desculpem a expressão chula....). Sou um ser humano, igual a qualquer um, igual a um brasileiro ou a um japonês. Sou um cidadão do mundo.
Mas ai então ela me falou que antes também pensava assim, mas com a idade e a experiência ela foi mudando seus conceitos. Como também ouvi essa mesma coisa de minha tia, que na hora do juizo final, na hora H, o sangue fala mais alto, eu não sou burro de descartar completamente isso que ela falou.
Hoje notei algo que talvez puxe para a teoria da sra. Tanaka. Percebi como os jovens nikkeys da minha geração no Brasil, apesar de conhecerem muito pouco da cultura de nossoas ancestrais, continuam fazendo de uma forma ou de outra as mesmas coisas que os japoneses fazem. Quero dizer, apesar de eu e minha geração de descendentes termos nascido no Brasil e absorvido a cultura brasileira, inconscientemente vamos para o mesmo lado, fazemos a mesma coisa.
Notei isso vendo os os grupos de dança que participaram no Festival Uraja, que aconteceu no sábado e domingo aqui em Okayama. As danças que os japoneses gostam são feitas sempre em grupo e todos dançam a mesma coreografia, criando a coisa da organização, da harmonia. Os descendentes de japoneses no Brasil gostam de dançar street dance. Tirando todo o chantilly que cobre o essencial, no fundo é a mesma coisa, um grupo de pessoas dançando juntos uma coreografia, diferentemente dum tango ou um forró que se dança a dois.
quinta-feira, agosto 03, 2006
Novos cavaleiros do reino das selvas num Beer Garden no Korakuen
Hoje foi mais um dos meus dias de folga. Lá na escola está acontecendo um evento e meu responsável me falou que não precisava comparecer à escola essa semana, e na semana que vem.
Trabalhei de manha em casa e depois fui almoçar com dois bolsistas novos que ainda não conhecia.
Um é o Danilo, 24 anos, dentista de Bauru e já está estudando aqui faz mais de um ano. A outra bolsista é a Larissa, tem 26 e também é dentista. Ela chegou faz duas semanas em Okayama. Ambos fazem seus estudos na mesma faculdade-hospital, a mesma em que a chinesa Lily faz estágio.
Conheci-os através de uma amiga do Brasil, que também está no Japão como bolsista.
Muito simpáticos, combinamos mais à noite de ir ao Parque Korakuen pois nesta temporada ele fica aberto de noite, e rola umas cadeiras e mesas como um barzinho a céu aberto, bem ao estilo de Sampa. Só faltava o cara na cadeira sem encosto com o violão no colo e tocando umas bossas, MPB...
Consegui juntar toda a família e fomos todos para o Korakuen. Quando digo família, me refiro a Lily, Leandro e Yuka, que são como se fossem meus irmãos aqui.
Hoje fiquei pensando em algo que tenho percebido aqui e que considero importante. Enquanto estou com Lily, Leandro e Yuka, me sinto necessário. Como consigo falar melhor o nihongo e por ser mais velho, acabo sempre organizando os nossos compromissos - a Lily tem 37 anos, mas como ela não fala japonês, a responsabilidade acaba caindo nas minhas mãos. Na verdade, eu tenho de guiá-la. Muitas vezes, eu sou seu intérprete quando ela fala com os japoneses e com a Yuka. Desta forma, sempre me sinto útil, mais participativo, e, consequentemente, me sinto bem por causa disso.
O outro lado, é quando estou na escola convivendo com os estudantes japoneses. Ontem mesmo fui num encontro do pessoal da minha classe promovido por uma professora. Incrível a minha sensação de solidão no meio de tanta gente! Realmente, não saber se comunicar é muito desagradável. Ficava ouvindo as pessoas conversarem e não tinha a mínima idéia do que falavam...
São essas duas situações opostas que tenho convivido estes últimos tempos. Acabo aprendendo com as duas.
Com os bolsistas, tenho trabalhado muito a coisa da liderança, da melhor forma de lidar com cada tipo de pessoa. Acho que tenho me saído bem.
Com os japoneses, acho que tenho aprendido um pouco de humildade, a saber compartilhar, ajudar. Nos momentos em que me sinto só, enquanto eles conversam o japonês sem eu entender, eu penso em como deve ser horrível pra Lily ter de conviver com três pessoas da mesma nacionalidade. Muitas vezes, como somos tres brasileiros e a Yuka não fala inglês, acabamos falando boa parte em português, e sei que isso chateia a Lily. É nessas horas em que estou com os japoneses que dou valor àquelas pessoas de coração mais caloroso que vem me ajudar, sendo pra me explicar o que estão falando ou apenas para trocar uma uma conversa comigo. Me sinto como um deficiente. Acho que só um deficiente sabe aqueles que realmente tem um coração bom, um espírito mais elevado, pois estes são os únicos que se aproximam para compartilhar o que tem. Ele realmente sabe quem são os egoístas e quem não são. Ou talvez consiga distinguir melhor, pois sei que há muita gente que ajuda para proveito próprio e não com sentimento de ajudar o próximo.
Sinto como se estivesse tentando achar o equilíbrio naquelas balanças de dois lados.
Uma puxa para seu lado, cada uma com coisas valiosas para me ensinar mas sempre na medida certa, pois se for exagerado, pode cair e derrubar tudo. Difícil a tarefa, não posso dar uma relaxada, mas acho que tenho aprendido bem.
terça-feira, agosto 01, 2006
Conversas e viagens
Área histórica de Kurashiki
Casa muito bonita
Terça, como não tive aula fui dar um passeio em Kurashiki, cidade a 12 minutos de trem de Okayama. A Asada me acompanhou.
Cidade bonita, histórica, muitas casas seculares, cheiro de história do Japão antigo em qualquer canto.
Conversei bastante com a Asada sobre o Japão, os japoneses, e sobre a relação entre os chineses e os japoneses. Ela ensina o japonês a estrangeiros e já viajou para a Europa, Filipinas e Tailândia. Inteligente, me falou muito de suas opiniões acerca da cultura japonesa, do que é ser japonês, de sua personalidade. Falou um pouco do que já escrevi neste blog num post passado, que os japoneses nem sempre falam o que se passa em seus corações.
Que entre Japão e China aindam restam mágoas do passado e que ainda vai precisar de uma geração ou duas para desaparecer.
Que a China não dá a indepêndencia ao Tibet e a Taiwan porque se fizer isso faria com que muitos de suas províncias reinvindicassem a separação também.
Que entre Toquio, Seoul (Coréia) e Taipei (Taiwan), como houve muita influência da cultura norte-americana, tem uma grande identificação e troca de informações.
Que a escrita chinesa chegou ao Japão através da Coréia, e portanto, muitas palavras coreanas são parecidas com as japonesas. Um coreano(a) demora pouco tempo para aprender o japonês por essa causa.
Por outro lado tentei explicar um pouco da vida dos nikkeys brasileiros, que me acho um cara de sorte por poder conhecer os dois lados da moeda do mundo.
Deixei esta para a última, apenas para os que tiverem paciência para chegar ao final deste longo post.
Ela me falou algo que me chocou. Disse que se você perguntar para um japonês(a) se gosta do Japão ele(a) provavelmente irá dizer que não.
Perguntei por que o japones nao gosta do Japão e ela me falou que o problema são os japoneses. Daí quis ir mais fundo e perguntei qual o problema dos japoneses. Ela me disse aquilo que eu já estava sentindo aqui, que os japoneses nem sempre agem da forma como estão se sentindo. São muito polidos por fora mas nem sempre isso é verdadeiro. Que as pessoas demoram muito para confiar uma nas outras e isso acaba criando panelas, e, se voce entra numa panela você deve respeitar suas regras pois se o japonês não sente que você é um igual, ele não vai se abrir contigo.
Ela ainda me disse muitas coisas. Ainda não consegui digerir tudo o que ela me disse e sinto que isso ainda vai demorar um tempo. Ela, apesar da clareza com que expressava suas idéias sobre o próprio país, sinto que ela é um pouco negativista. Não vi ela elogiando uma vez o Japão, a não ser quando falamos da rivalidade entre japoneses e chineses. Pronto, já sei o que o Japão tem de ruim. Agora só quero saber o que ele tem de bom!!
domingo, julho 30, 2006
Um chinelo de dedo de madeira
O guetá é a sandália tradicional japonesa. É basicamente um chinelo de dedo. Sua base é feita de madeira, mais ou menos uns 7 cm de espessura. A parte que segura o pé é feita de tecido de algodão, mas já vi de sintéticos também.
Enquanto segurava nas mãos o guetá, percebi uma beleza nas texturas dos materiais, os desenhos japoneses no algodão, a textura rústica da madeira. Outra coisa que percebi: o guetá era simétrico, ou seja, não dava para diferenciar o pé direito do esquerdo.
Mas calçando-o percebi que por ser tão simétrico, o pé acabava ficando torto. O tecido que divide o dedo polegar do pé do resto dos dedos fica preso exatamente no centro da madeira, diferentemente de uma havaiana comum, que é mais ergonômica.
Outro ponto importante, como a base de madeira, depois de um tempo ele fica extremamente desconfortável. Muito duro. Palmilha é algo que os antigos realmente não conheciam.
Pensando nisso, fiquei a me perguntar se esse exemplo talvez não mostrasse um pouco da personalidade do japonês, muito preocupado com a forma e não com o conforto. Eles dão extrema importância à polidez, à elegância, à gentileza. São um povo pacífico, odeiam brigas, odeiam se opor, criar polêmicas, controvérsias. Não gostam de serem o centro das atenções. Por causa disso, trabalham muito bem em grupo, por seguirem sempre o centro o que os torna unidos.
Isso, no meu ponto de vista, tem seu lado positivo mas também seu negativo. O que ouço muito dos estrangeiros que vivem em Okayama é que os japoneses são muito polidos, mas não se sabe o que eles realmente estão pensando. Estão sempre sendo educadíssimos, sempre sorridentes, mas é como se isso tudo não fosse o real sentimento, como se estivessem usando máscaras. E isso é nítido em qualquer lugar, num supermercado, numa loja, em um bar, andando nas ruas. Claro que tratar bem os clientes numa loja é regra em qualquer lugar do mundo, mas aqui é ao extremo.
No entanto, é obvio que isso não se resume a todos. Encontro aqui todos os dias pessoas verdadeiramente polidas, simpáticas, gentis por natureza. Que possuem um espírito de liderança muito forte. Tal como neste domingo, enquanto assistia a um treino do grupo de dança Sawara. A líder do grupo era uma mulher daquelas que não podia deixar de admirar. Tinha mais ou menos uns 33 anos, 1,60 cm de estatura, magra, pele alva como todas as japonesas. Foi estudar na Austrália durante um ano. Dançava muito, mas muito bem. Movimentos e voz firmes, sem no entanto perder a feminilidade. Não tive muita oportunidade de conversar com ela mas em tudo em que fazia se mostrava uma líder.
Fim de semana agitado....
Mao, Lily e Hiyou da China e nos brasileiros na frente do Korakuen a noite. Abertura da temporada de verao no Korakuen
Parque Korakuen a noite. Muito bonito..como eu queria ter uma camera profissional (e saber tirar com uma dessas...)
Eu com o pessoal do Grupo Sawara de danca
Foi um fim de semana bem agitado. Sábado de manhã fomos comprar os guetás, os famosos chinelos de madeira que se usam juntamente com os Yukatas, que são as tradicionais vestimentas de verão. Engraçado perceber que até esses produtos tão japoneses também são produzidos na China...é tudo da China, incrível!! Acho que o comércio entre Japão e China é muito grande, pois falta no Japão a matéria-prima e o dinheiro, e na China sobra essa matéria-prima e sobra mão de obra barata. Um dos vendedores, sobre essa mesma questão me falou que o Japão não tem mais madeira para cortar então a madeira é importada da China. Disse ainda que provavelmente os guetás irão desaparecer.
À tarde fomos assistir mais uma aula de japonês e chamei uma garota chinesa, a Hiyou, que estuda conosco para ir ao Korakuen junto com a gente. O parque estava todo iluminado e o castelo de Okayama era a atração principal, brilhando no alto da pequena montanha. Muitas pessoas assistiam um show de uma cantora que tocava piano ao lado do lago. COnversei bastante com a Hiyou, muito simpática e fala muito bem o nihongo.
Depois fomos andando pelas ruas de Yukata até um restaurante comer Okonomiyake e de lá encontramos uns amigos do grupo de dança Sawara. Ficamos até as 2 e meia da manhã num bar perto da Momotaro Odori. Amigos, conhecidos e desconhecidos, bebi um pouco, um cara que trabalha com design de maquinas me fala que é díficil trabalhar em equipe, o Yamasaki nos convida pra dançar com o grupo no Festival que vai ser na semana que vem...
No domingo acordamos as 11 e fomos junto com o Leandro comprar sapatos. Depois fomos para outra cidade no litoral treinar a dança Sawara a convite do Yamasaki. Semana que vem teremos que fazer homestay numa casa de japoneses mas perguntarei para a família se posso sair mais cedo para dançar como os caras do Sawara! Queria muito participar! Toda a cidade vai estar lá vestida de Yukata, as principais avenidas serão fechadas para carros e os grupos irão dançar. Virá grupos de várias províncias, cada uma com uma dança típica de sua região. Dizem que a de Sapporo é forte. E por final, provavelmente não voltarei aqui pra ver de novo este festival...esta chance de participar é única...
quinta-feira, julho 27, 2006
Carta de amor à minha bela nipônica verde
Querida magrela verde de todas as viagens, hoje dedico este texto a você.
Companheira de todas as minhas andanças nesta cidade tão linda, obrigado por tudo. Quando te vi pela primeira vez, não te achei assim tão bonita, pra falar a verdade. Seu verde musgo não me chamou a atenção, nem suas formas tão comuns. Aliás, talvez tenha achado mais bonita a bicicleta negra do Leandro, que dizem ser amaldiçoada....boatos...
Ademais, você sempre foi cheia de adesivos indicando que é uma bicicleta de estudantes estrangeiros, o que a torna ainda menos bela.
No entanto, como tudo nesta vida, com o passar do tempo fui me apegando a ti. Percorrendo comigo tantos caminhos, procurando novos cafés, me levando para a escola todo dia, sempre me esperando lá fora enquanto realizo minhas atividades, carregando minhas compras, minha mochila, tomando chuva, sinto um profundo carinho, e porque não dizer amor por esta criatura feita de metal cilindrico e correntes banhadas em graxa.
No começo seus freios rangiam de tão velha que estavam suas peças, tais como joelhos que reagem pela tendinite (ou será osteoporose??). Troquei suas peças com dinheiro pago pelo governo e agora andamos sem criar alardes. Percebes que até tu tens assitência médica??
Assim, antes que seja tarde demais, gostaria que soubesses o quanto gosto de ti, que adoro caminhar contigo nestes meus dias em Okayama.
quarta-feira, julho 26, 2006
Reflexão do dia: o contraste nos mostra a beleza
Um dos livros que comprei, que me chamou a atenção pela destreza com que o artista trabalha o contrastre entre luz e escuridão
Vendo os livros infantis, percebi que algumas ilustrações parecem que irradiam luz, de tão bem que o artista trabalha com a iluminação. E esse tipo de ilustração sempre me chamou mais atenção que aquelas que são mais opacas, sem muito brilho.
Saindo na rua, o brilho do sol refletindo nas nuvens numa tarde de verão era lindo, como um poema visual. Imagine se fosse um dia nublado, sem cor, aquela luz uniforme...que sem graça...
O contraste faz as coisas ficarem iluminadas...ou melhor, às vezes, num ilustração, só percebo a luz quando faço um gradiente do claro pro escuro. Uma folha em branco é sem graça, mas quando adicionamos cor e deixamos algumas partes em branco, esse branco se destaca.
Da mesma forma que a imagem, vejo que a vida também é assim. Muitas vezes só percebo as coisas boas da vida quando passo por um mau bocado. Assim como um dia de sol depois de um dia nublado. Assim como hoje...
Livros infantis e suas ilustrações
Manami, eu e Hiromi numa loja de puricura, depois de comer um sorvete num restaurante legalzinho!
Depois de sair com a Hiromi e a Manami, fui numa livraria boa daqui, procurar uns livros bons pra levar pra casa. Quis ir pra lá por dois motivos. Primeiro, que ainda estava cedo pra voltar pra casa. Eram 4 e meia ainda. Segundo, outro dia sonhei que já tinha voltado pro Brasil e estava na Cricket. Daí o Alex me passou um trampo de ilustração pra fazer e qual não foi a surpresa que eu havia esquecido de comprar materiais para ilustração!! Estava me sentido um lixo por ter tido a oportunidade de viajar pra tão longe e esquecer de comprar essas coisas, por puro descuido!! Foi ai que acordei e percebi que preciso aproveitar ao máximo meu tempo aqui.
Fui procurar livros de design, mas passando pela parte de livros infantis percebi que havia muita coisa boa ali. Dando uma olhada mais de perto, percebi que os livros infantis cheios de ilustrações de cair o queixo, muito bem feitos! Alguns artistas trabalham com aquarela, outros com lápis aquarelável, pastel oleoso, seco, óleo, acrílico....Não preciso dizer que comprei uns vários!! hahaah
segunda-feira, julho 24, 2006
One Cup Cafe - Perfeito!!!!
Apresentação de forró para quase 30 pessoas no Kokusai Koryu Center (Centro de Intercambio de Estrangeiros)
Os bolsistas e nossa amiga japonesa
Jantar com os bolsitas, nossa amiga japonesa, tia Akinetchan e a Mireichan. Só amigos, nada melhor que isso!!
No final do dia, tocando violão no meio da Momotaro Oodori. Muito legal!!!
NO sábado, Leandro, Clóvis, Yuka e eu apresentamos o One Cup Cafe, uma apresentação nossa sobre a cultura brasileira e sobre nós. Nos apresentamos, falamos sobre comida brasileira, feriados brasileiros tais como o Natal, o Carnaval, a Pascoa e a Festa Junina. Falamos também sobre nossas famílias e tive a oportunidade de explicar a minha sobre minha identidade, se me considero brasileiro ou japonês.
E a parte que achei mais divertida, toquei Garota de Ipanema do Tom Jobim no violão e um forro do Falamansa, o Xote dos Milagres, enquanto o Leandro e a Yuka dançaram no centro da sala! Imperdível! Impagável!! Só pra quem estava lá...!!! hahah
Depois fomos jantar todos os bolsistas mais minha tia e prima e a nossa amiga, a Assadasan. Depois de me despedir da Akinetchan da Mirei, o pessoal quis ir na rua tocar violao, costume do pessoal mais novo daqui, e toquei mais uma vez a bossa e o forro. Alguns carros e pessoas pararam pra olhar o Leandro e a Yuka dançando na rua!!
Resultado do dia: sensação de serviço feito!! Nos esforçamos ao máximo e as pessoas adoraram!
Melhor coisa do dia: Recebi vários amigos para me assistir, minhas professoras de japones vieram, e a Akinetchan e a Mirei de Kobe pegaram um Shinkansen para me ver. Nada melhor que os amigos ao meu lado para me apoiar!!
domingo, julho 23, 2006
Carta à Associação de Okayama
Esse é um texto de um email enviado aos associados do Okayama Kenjinkai. Posto aqui pois resume bem o que tenho sentido nessa viagem.
Fala Nelson!
Valeu pelos conselhos!
Nos quatro estamos juntos aqui mas acho que cada um tem uma experiencia diferente e a aproveita de forma diferente também. Desta forma, nao vou falar por todos nós, mas do que eu tenho passado e sentido aqui.
Primeiro, estou adorando Okayama!!
Cidade media, nem tao grande, nem tão pequena. Perfeita.
O apartamento novo dos bolsistas é novinho em folha e é super prático. Nem a subidona pra chegar no apto me incomoda pois o lugar onde se localiza é meio que no meio da montanha, bem na frente das arvores. A qualquer hora do dia, a única coisa que se ouve são barulho de passaros e insetos. Nada de carros ou fumacera.
Segundo, o apredizado do nihongo para mim está sendo muito bom. Participo todas as semanas das aulas que o Kokusai Koryu Kaikan realiza e adoro estudar novos kanjis. Sempre carrego meu livro de kanjis na mochila, ou eu pergunto pra Lily, nossa amiga chinesa, sobre o significado de algum ideograma.
Tenho certeza que não voltarei fluente para o Brasil, nem tão pouco o Japones Avançado que se pedem nas entrevistas de emprego. Tenho consciência que o aprendizado de uma língua é uma coisa que exige tempo, coisa que não temos muito. Já se passaram quase metade da nossa bolsa. Sendo assim, apesar de ter percebido uma melhora nítida na minha pronúncia e leitura do japonês, sei que precisaria de muito mais tempo para ter uma fluência boa do idioma. Mesmo assim, estou felicíssimo com meu progresso.
Terceiro, em relação ao estágio em si, à parte profissional, tenho aprendido muito, muito. Faço estágio numa escola técnica de design e sou como um estudante ryugakusei. Tenho estudado diversas áreas do design, incluindo aquelas do qual estou acostumado a trabalhar no Brasil. Fora isso, uma coisa que adoro é que não preciso vestir camisa ou calça social pra ir pra escola. Muitas vezes vou de regata, bermuda, chinelo de dedo...nada mais confortável que uma boa havaiana...hahahahha
Quarto, tenho viajado bastante, tanto dentro de Okayama quanto para fora da provincia. Semana passada fomos para Osaka assistir um show do Cold Play, fomos para Nara ver a maior estátua de Buda do Japão, e em Kyoto vimos o Kyomisudera e o festival de Guion. Ainda mais, tenho visitado muitos parentes distantes, primos e sobrinhos da minha avó. Muito interessante essa experiência! Mais legal ainda, receber minha tia e prima de Kobe, ambas lindas, para assistir nossa apresentação sobre o Brasil no Kokusai!
Pra finalizar, e acho, o que me faz sentir mais feliz, começo a compreender melhor o pensamento e comportamento dos meus avós e dos meus pais, por conhecer mais de perto a cultura japonesa.
Se tiverem algum comentário, dicas, conselhos, podem falar! Só não peçam omiyagues pois de tanto aproveitar não tenho economizado dinheiro algum!!! haahahah
Abraços!!!
Fabio Jun Murakami
Fala Nelson!
Valeu pelos conselhos!
Nos quatro estamos juntos aqui mas acho que cada um tem uma experiencia diferente e a aproveita de forma diferente também. Desta forma, nao vou falar por todos nós, mas do que eu tenho passado e sentido aqui.
Primeiro, estou adorando Okayama!!
Cidade media, nem tao grande, nem tão pequena. Perfeita.
O apartamento novo dos bolsistas é novinho em folha e é super prático. Nem a subidona pra chegar no apto me incomoda pois o lugar onde se localiza é meio que no meio da montanha, bem na frente das arvores. A qualquer hora do dia, a única coisa que se ouve são barulho de passaros e insetos. Nada de carros ou fumacera.
Segundo, o apredizado do nihongo para mim está sendo muito bom. Participo todas as semanas das aulas que o Kokusai Koryu Kaikan realiza e adoro estudar novos kanjis. Sempre carrego meu livro de kanjis na mochila, ou eu pergunto pra Lily, nossa amiga chinesa, sobre o significado de algum ideograma.
Tenho certeza que não voltarei fluente para o Brasil, nem tão pouco o Japones Avançado que se pedem nas entrevistas de emprego. Tenho consciência que o aprendizado de uma língua é uma coisa que exige tempo, coisa que não temos muito. Já se passaram quase metade da nossa bolsa. Sendo assim, apesar de ter percebido uma melhora nítida na minha pronúncia e leitura do japonês, sei que precisaria de muito mais tempo para ter uma fluência boa do idioma. Mesmo assim, estou felicíssimo com meu progresso.
Terceiro, em relação ao estágio em si, à parte profissional, tenho aprendido muito, muito. Faço estágio numa escola técnica de design e sou como um estudante ryugakusei. Tenho estudado diversas áreas do design, incluindo aquelas do qual estou acostumado a trabalhar no Brasil. Fora isso, uma coisa que adoro é que não preciso vestir camisa ou calça social pra ir pra escola. Muitas vezes vou de regata, bermuda, chinelo de dedo...nada mais confortável que uma boa havaiana...hahahahha
Quarto, tenho viajado bastante, tanto dentro de Okayama quanto para fora da provincia. Semana passada fomos para Osaka assistir um show do Cold Play, fomos para Nara ver a maior estátua de Buda do Japão, e em Kyoto vimos o Kyomisudera e o festival de Guion. Ainda mais, tenho visitado muitos parentes distantes, primos e sobrinhos da minha avó. Muito interessante essa experiência! Mais legal ainda, receber minha tia e prima de Kobe, ambas lindas, para assistir nossa apresentação sobre o Brasil no Kokusai!
Pra finalizar, e acho, o que me faz sentir mais feliz, começo a compreender melhor o pensamento e comportamento dos meus avós e dos meus pais, por conhecer mais de perto a cultura japonesa.
Se tiverem algum comentário, dicas, conselhos, podem falar! Só não peçam omiyagues pois de tanto aproveitar não tenho economizado dinheiro algum!!! haahahah
Abraços!!!
Fabio Jun Murakami
quarta-feira, julho 19, 2006
Na quarta-feira fui visitar a empresa de design da minha professora de package. Ela se chama Otsuka sensei. A empresa dela coincidentemente foi aquela que havia escolhido ao preencher a ficha do kenjinkai no Brasil, sobre qual empresa gostaria de fazer estagio. Ainda no Brasil, recebi a negativa da sugestao e me disseram que o estagio seria na Chude. Mais tarde descobri que minha professora era a dona dessa empresa! Acho que tudo se resolveu da melhor forma possivel. Como o ditado diz, Deus escreve certo por linhas tortas.
Fui junto com outros alunos e mais dois professores, um total de oito pessoas. Logo na entrada, um pequeno jardim, pes de cerejeira e outras arvores que dao flores. A contrucao de dois andares, mais parecia uma casa. Na estrutura havia muita madeira clara, a sala de visitas cheia de quadros demonstrando o bom gosto da sensei.
Seus trabalhos sao de extremo bom gosto. Seus clientes na maioria produzem doces para omiyague (presente) e fazem produtos tipicamente japoneses. Ela disse que era preciso nao pensar apenas na embalagem mas no produto como um todo.
Conhecemos a parte de cima do local, que, de acordo com um dos professores, excecao aberta apenas para poucas pessoas. Ainda no pe da escada, tivemos que tirar nossos sapatos para trocar por chinelos. Dessarumacao, como todo local de trabalho japones, mas tudo com muito bom gosto. O teto era de madeira, parecia que estavamos em um templo novo...
No final me senti extremamente confortavel no local, como se estivesse em casa. Gostaria de trabalhar num local assim, bonito, com bom gosto, que me passasse a tranquilidade para realizar os meus trabalhos.
Fui junto com outros alunos e mais dois professores, um total de oito pessoas. Logo na entrada, um pequeno jardim, pes de cerejeira e outras arvores que dao flores. A contrucao de dois andares, mais parecia uma casa. Na estrutura havia muita madeira clara, a sala de visitas cheia de quadros demonstrando o bom gosto da sensei.
Seus trabalhos sao de extremo bom gosto. Seus clientes na maioria produzem doces para omiyague (presente) e fazem produtos tipicamente japoneses. Ela disse que era preciso nao pensar apenas na embalagem mas no produto como um todo.
Conhecemos a parte de cima do local, que, de acordo com um dos professores, excecao aberta apenas para poucas pessoas. Ainda no pe da escada, tivemos que tirar nossos sapatos para trocar por chinelos. Dessarumacao, como todo local de trabalho japones, mas tudo com muito bom gosto. O teto era de madeira, parecia que estavamos em um templo novo...
No final me senti extremamente confortavel no local, como se estivesse em casa. Gostaria de trabalhar num local assim, bonito, com bom gosto, que me passasse a tranquilidade para realizar os meus trabalhos.
As máscaras tão evidentes de um povo tão singular
Outro dia nós conhecemos um neozelandês que mora no Japão a 3 anos. Ele é casado com uma japonesa e tem um filho. Ao perguntarmos sobre alguns bons bares de Okayama ele nos disse que conhecia um bar australiano bom mas que era dificil de achar, pois a fachada quase não parecia que era um bar. Ele disse: as coisas no Japão são assim mesmo, geralmente são meio escondidas, encobertas. É preciso ter um bom olho para descobrir as coisas boas.
Essa é uma das características da cultura japonesa que tenho descoberto pouco a
pouco. Só um bom observador pra identificar os tesouros encobertos, as oportunidades, as coisas bonitas. Por isso talvez a cultura japonesa seja tão complicada de entender para os estrangeiros, quase impenetrável, a começar pela língua. É como se tudo tivesse uma máscara. É claro que brasileiros ou qualquer pessoa de qualquer lugar do mundo não são livros abertos, todos temos nossos medos e encobrimos aspectos de nossa personalidade ou coisas de nossas vidas que não gostamos. Mas aqui isso é muito mais evidente.
Essa é uma das características da cultura japonesa que tenho descoberto pouco a
pouco. Só um bom observador pra identificar os tesouros encobertos, as oportunidades, as coisas bonitas. Por isso talvez a cultura japonesa seja tão complicada de entender para os estrangeiros, quase impenetrável, a começar pela língua. É como se tudo tivesse uma máscara. É claro que brasileiros ou qualquer pessoa de qualquer lugar do mundo não são livros abertos, todos temos nossos medos e encobrimos aspectos de nossa personalidade ou coisas de nossas vidas que não gostamos. Mas aqui isso é muito mais evidente.
segunda-feira, julho 17, 2006
Domingo: Nara, a antiga capital dos templos que tocam os céus
Pessoas usando os yukatas. Os kimonos ou os yukatas são apenas usados em ocasiçoes especiais, tais como eventos, ou como hj, o Festival de Guion
Eu e o pessoal na frente da estação de Kyoto
Ruas fechadas para o Festival de Guion
Domingo de muito sol, sai pelas ruas de regata, bermuda e havaiana, tudo o que eu mais gosto!! Minha avó sempre fala que eu fico deselegante assim mas fazer o que né?? Eu sou assim mesmo, simples. Simplesmente adoro andar assim, sem preocupação, como se estivesse indo pra praia...oh beleza, que saudade de São Sebastião, Guaecá, Vila de Trindade, sol, praia...
Mas voltando à viagem, de sabado pra domingo dormimos em Nara na casa de outro bolsista, o Diogo. Nara é uma provincia vizinha a Osaka, mais ou menos meia hora de trem comum.
Nara foi a antiga capital do Japão, antes de Kyoto, se não me engano a uns mil anos atras. Edu, se eu estiver errado me corrija...rs
Visitamos um templo, do qual nao me lembro o nome agora, mas tem a maior estatua de Buda do Japão. A segunda é a de Kamakura. Essa estátua fica dentro de um templo, ambos gigantes, imensos, sem palavras para descrever. O templo foi construido no ano 700, ainda nao sei como fizeram aquilo....E a Lily sempre fazendo o mesmo comentário: esse templo foi imitado das construcoes da China, esse nome veio de uma cidade da China,... me cansei com esses comentarios...Caramba, eu to tentando curtir o Japão e ela vem diminuir minha diversão caramba...hahaah Mas ela é gente fina...
A tarde fomos pra Kyoto. A Estação Central é imensa! Um predio colossal, de metal escuro, moderno, muita gente, outra daquelas construcoes de ficar babando, nada parecido com coisa alguma no Brasil.
Sua rede ferroviaria e metroviária deixa São Paulo no chinelo, é extremamente complexa e inteliga toda a cidade.
Kyoto, para os leigos foi a antiga capital do Japão, depois de Nara. É famosa pelo quantidade de templos budistas, pelas construcoes antigas, seus bairros de ruas estreitas, casas de madeira, os rios que cortam a cidade, seu povo muito atencioso e amável. Lembrei do filme O Ultimo Samurai, quando o Tom Cruise chega no Japão e tem uma panoramica da cidade, casas cor marrom de madeira, muita gente, cara de seculo passado.
Como era vespera do Festival de Gion, muitas mulheres e homens vestiam os yukatas, versão de verão dos kimonos. Muitos estrangeiros. A noite fecharam a rua principal de Guion, o bairro das Maikos e Gueixas, para que o pessoal circulasse pelas ruas e deixasse o festival rolar.
Dormimos num hotel recomendado por uma professora nossa de japones, um hotel tradicional, famoso no bairro de Guion. Se chama Rokuharaya e esta a mais de cem anos em funcionamento. A casa e pequena, toda de madeira, portas que se abrem na lateral, janelas quadriculadas com papeis, bem no estilo japones. Nao poderiamos ter dormido em lugar melhor.
Sábado: viagem a Osaka, o local dos desejos terrenos em neons vermelhos hipnotizantes
A jornada rumo a Osaka começa bem cedo. Acordamos às 5 da manha e pegamos o onibus das 6 e meia na Momotaro Oodori. 3 horas de viagem. Na viagem vim fazendo algo que estou achando muito divertido: aprender kanjis! No inicio achava extremamente complicado os ideogramas, aquela forma de comunicacao que pareciam aqueles hieroglifos egipcios, ou seja, incompreensivel!! Mas como vejo a todo instante os kanjis, eles simplesmente comecaram a fazer sentido, como pecas de um quebra-cabeça.
Tenho aprendido muito kanji com minha amiga lily, a chinesa. Minha tatica é a seguinte: há horas em que algum kanjis comecam a se repetir com uma constancia, sempre vejo-os em letreiros, propagandas, e, quando isso acontece, procuro logo perguntar pra lily o sentido do kanji. Apesar dela nao saber a pronuncia em japones da palavra, o sentido e na maioria das vezes a mesma dos ideogramas chineses. Ela me expliucou que 90% dos kanjis chineses tem o mesmo sentido dos japoneses. Sabendo o sentido, eu muitas vezes sei a palavra falada no japones. Ela é os olhos, e eu sou a boca. Ela lê e eu falo. Isso nos tem sido de muita ajuda nas viagens que temos feito.
Bom, ainda nao falei de Osaka. Cidade gigantesca. Osaka realmente representa aquela frase batida de que o Japão é o novo e o antigo convivendo junto. Não saberia como explicar melhor, e eu visitei no sábado esses dois lados da cidade. Primeiro, fomos ao castelo de Osaka. Como foi construido no alto de uma pequena montanha bem no centro da cidade, era possivel avista-lo de qualquer parte da cidade. Depois fomos na Umeda Sky Building, predio super-moderno, muito alto, mas muito alto mesmo!!!
Tenho visto construcoes imensas por aqui, daquelas de ficar de boca aberta por minutos admirando, pensando: como que construiram isso???!!! E uma coisa que percebi é que, por mais que eu consiga tirar uma bela fotografia, ela nunca consegue captar o real tamanho da construcao, aquela sensação de susto, de admiração que sinto. Talvez a construcao na realidade nao seja assim tao grande, mas nós é que nos espantamos com o tamanho. Talvez quando criarmos uma maquina com sentimentos talvez um dia ela possa transmitir isso.
As 6 horas fomos assistir o show do Cold Play. Nunca fui tao fã assim do COld PLay mas assistir a um show ao vivo, e em outro país é uma experiencia muito loca. Adorei o show!!!
A noite, encontramos outros bolsistas e fomos para o centro de Osaka. Neons, neons, neons por todos os lados, tudo aquilo que se veem nas revistas de turismo.
A verdade é que não gostei de Osaka. É muita gente num lugar só, me sentia estressado na estação de trem, andando pelas ruas. Muito calor, muito barulho, predios gigantescos, muita gente, muita gente. Sua imensidao em todos os sentidos me assustou.
Tenho aprendido muito kanji com minha amiga lily, a chinesa. Minha tatica é a seguinte: há horas em que algum kanjis comecam a se repetir com uma constancia, sempre vejo-os em letreiros, propagandas, e, quando isso acontece, procuro logo perguntar pra lily o sentido do kanji. Apesar dela nao saber a pronuncia em japones da palavra, o sentido e na maioria das vezes a mesma dos ideogramas chineses. Ela me expliucou que 90% dos kanjis chineses tem o mesmo sentido dos japoneses. Sabendo o sentido, eu muitas vezes sei a palavra falada no japones. Ela é os olhos, e eu sou a boca. Ela lê e eu falo. Isso nos tem sido de muita ajuda nas viagens que temos feito.
Bom, ainda nao falei de Osaka. Cidade gigantesca. Osaka realmente representa aquela frase batida de que o Japão é o novo e o antigo convivendo junto. Não saberia como explicar melhor, e eu visitei no sábado esses dois lados da cidade. Primeiro, fomos ao castelo de Osaka. Como foi construido no alto de uma pequena montanha bem no centro da cidade, era possivel avista-lo de qualquer parte da cidade. Depois fomos na Umeda Sky Building, predio super-moderno, muito alto, mas muito alto mesmo!!!
Tenho visto construcoes imensas por aqui, daquelas de ficar de boca aberta por minutos admirando, pensando: como que construiram isso???!!! E uma coisa que percebi é que, por mais que eu consiga tirar uma bela fotografia, ela nunca consegue captar o real tamanho da construcao, aquela sensação de susto, de admiração que sinto. Talvez a construcao na realidade nao seja assim tao grande, mas nós é que nos espantamos com o tamanho. Talvez quando criarmos uma maquina com sentimentos talvez um dia ela possa transmitir isso.
As 6 horas fomos assistir o show do Cold Play. Nunca fui tao fã assim do COld PLay mas assistir a um show ao vivo, e em outro país é uma experiencia muito loca. Adorei o show!!!
A noite, encontramos outros bolsistas e fomos para o centro de Osaka. Neons, neons, neons por todos os lados, tudo aquilo que se veem nas revistas de turismo.
A verdade é que não gostei de Osaka. É muita gente num lugar só, me sentia estressado na estação de trem, andando pelas ruas. Muito calor, muito barulho, predios gigantescos, muita gente, muita gente. Sua imensidao em todos os sentidos me assustou.
Sexta boa para trabalhar...eu realmente adoro o que faço!!!
Museu do artista nascido em Okayama, Yumeji Takehisa.
Vista do parque Korakuen. Um dos mais belos do Japão.
Do parque se pode ver o castelo la no alto. O Korakuen foi desenhado por um profissional especializado de Kyoto para ser o jardim particular do Shogum. Ali também era utilizado para treinar estrategias de guerra. O parque, assim como toda a cidade de Okayama foi arrasada pela 2 guerra mundial. So foi possivel reconstitui-lo da forma como havia sido desenhado no passado por meio de inumeras ilustracoes que foram feitas do local.
Castelo de Okayama, também reconstruído após a 2 guerra mundial.
Queridos leitores do meu blog, peço desculpas pela ausencia mas foi por um motivo muitissimo justo. Neste fim de semana fui viajar para fora dos limites de Okayama, as famosas cidades de Osaka, Nara e Kyoto. Mas aqui estou eu de volta, na frente do meu computador colocar em dia meu diário. Sabem que estou meio viciado nesse negocio de blog?? Uma das minhas preocupacoes ao voltar pra casa era de colocar o blog em dia...
Primeiramente, vou comecar com a minha sexta feira, dia de trabalho misturado com passeio, passeio e trabalho. Acordei bem cedo para tirar fotos de locais turisticos da cidade de Okayama. Isso porque um dos meus projetos é desenhar o mapa do centro de Okayama, mostrando os locais de fazer compras, locais historicos, turisticos, hospitais, correios, policia. Foi um dia muito bom!!
Sexta boa para trabalhar...eu realmente adoro o que faço!!!
Museu do artista nascido em Okayama, Yumeji Takehisa.
Vista do parque Korakuen. Um dos mais belos do Japão.
Do parque se pode ver o castelo la no alto. O Korakuen foi desenhado por um profissional especializado de Kyoto para ser o jardim particular do Shogum. Ali também era utilizado para treinar estrategias de guerra. O parque, assim como toda a cidade de Okayama foi arrasada pela 2 guerra mundial. So foi possivel reconstitui-lo da forma como havia sido desenhado no passado por meio de inumeras ilustracoes que foram feitas do local.
Castelo de Okayama, também reconstruído após a 2 guerra mundial.
Queridos leitores do meu blog, peço desculpas pela ausencia mas foi por um motivo muitissimo justo. Neste fim de semana fui viajar para fora dos limites de Okayama, as famosas cidades de Osaka, Nara e Kyoto. Mas aqui estou eu de volta, na frente do meu computador colocar em dia meu diário. Sabem que estou meio viciado nesse negocio de blog?? Uma das minhas preocupacoes ao voltar pra casa era de colocar o blog em dia...
Primeiramente, vou comecar com a minha sexta feira, dia de trabalho misturado com passeio, passeio e trabalho. Acordei bem cedo para tirar fotos de locais turisticos da cidade de Okayama. Isso porque um dos meus projetos é desenhar o mapa do centro de Okayama, mostrando os locais de fazer compras, locais historicos, turisticos, hospitais, correios, policia. Foi um dia muito bom!!
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